Por Geraldo Peçanha*
Há uma máxima no oriente que diz: indo, indo, indo, tendo chegado, continue indo. Eu me lembro desse aforismo sempre que chegamos nesta época. Para quem não sabe o número de depressão nos consultórios quase triplicam, crises de ansiedade e os demais males que atingem a alma, nem se fala. Não temos números oficiais sobre o assunto, mas creio que já é passada a hora e avaliarmos e agirmos. Eu arrisco uma opinião.
Ao “final” de cada ano as pessoas são tomadas por um clima social do qual elas não conseguem se desvincular. Já é sabido que quanto menos projetos pessoais, mais dependência das decisões coletivas e isso te tira o direito de reclamar, porque só te sobrará a aceitação – razão da infelicidade geral. Ou seja, se você é uma pessoa que não tem nenhum projeto de vida para ser feliz, não tem amigos que te direcionam, não tem companheiro e nem aponta na direção de buscar, você de fato é anátema. Daí me perguntariam: É ruim estar fora? E eu repondo: Todo conhecimento é socialmente determinado, diz a teoria. E eu acrescento e também, toda a felicidade é socialmente determinada. A tal felicidade Interna Bruta é um índice cujos princípios estão também nas condições de vida que se oferece aos cidadãos de um pais. Isso quer dizer que se nós não nos preocuparmos como entorno, não haverá nenhuma chance de sermos felizes, verdadeiramente.
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Mas, essa observação é só pra reformar o fato de que se o sujeito sozinho não chega a lugar nenhum, imaginem quem está totalmente nas mãos do coletivo. Fica difícil também. Os extremos da vida são sempre mais difíceis e sempre há lá potenciais de patologia: quem não come nada pode estar na sala da anorexia, quem come demais pode estar na da compulsão. É sempre assim, então o famoso caminho do meio é mesmo a solução, o equilíbrio.
Eu sugiro que você não dependa totalmente da sociedade para ser feliz porque a pressão que você vai sofrer por ela e com ela não há amortecedor emocional que dê conta. É possível fazer isso lembrando que o ano tem fases, assim como a natureza - há a primavera e há o outono, há o inverno e há o verão e todas as estações se sucedem ininterruptamente sem cessar. Assim é a vida. Não tem fim de ano, tem etapas que se sucedem. Não se deixe levar pelo viés da informação para o consumo. Seus projetos podem ser de longo prazo e os prazos são etapas, estações da vida, nascem, florescem, amadurecem e morrem. Assim é, e assim encarando a felicidade vem. E nunca se esqueça: tendo chegado continue indo.
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*Geraldo Peçanha é psicanalista e fundador do Projeto Pólen.