Por Marco San*
O Dia Internacional da Pessoa Com Deficiência, comemorado neste dia 3 de dezembro, foi criado em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de promover uma ampla reflexão sobre os direitos dessas pessoas e o papel que elas exercem ou deveriam exercer na sociedade. Porque é preciso incluí-las - de fato - em todos os segmentos, seja no mercado de trabalho, nas atividades esportivas e culturais, na mobilidade urbana, na Saúde, na Educação etc.

Reforço que a reflexão é necessária hoje e todos os dias, já que os direitos das pessoas com deficiência existem. No Brasil, temos a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) ou Estatuto da Pessoa com Deficiência, cujo relator foi o senador Romário. A LBI é considerada por especialistas como umas das legislações mais completas do mundo. Um avanço significativo da nossa sociedade, mas que ainda precisa se tornar realidade.

O caminho a ser percorrido certamente já foi maior. No entanto, temos muito a fazer. Aqui cabe um exercício: tente lembrar se alguma vez, na sua empresa, você teve um(a) colega de trabalho deficiente. Ou quantas vezes viu um deficiente em shows, jogos de futebol ou espetáculos culturais. Ao parar para pensar, nos surpreendemos com o resultado. Muitos devem estar balançando a cabeça negativamente porque é difícil (e até mesmo raro) presenciar essas situações.

A secretaria municipal da Pessoa com Deficiência e Tecnologia (SMDT) tem trabalhado para fazer da inclusão algo concreto. Usuários de nossos equipamentos participaram pela primeira vez de grandes eventos da cidade como a Bienal do Livro, o Rock in Rio e a Game XP. Cada vez mais, buscamos aproximar a tecnologia e suas ferramentas, como aplicativos e softwares, da pessoa com deficiência. Inclusão social aliada à inclusão digital. Levamos ao Rock in Rio o XULIA, software de comando de voz desenvolvido por um deficiente para pessoas com deficiência. Parceria que iremos implementar nas Naves do Conhecimento do município.

Colocamos na rua a Blitz Rio + Acessível, que visa à conscientização da sociedade sobre a importância da acessibilidade nos transportes públicos. Lacramos e tiramos de circulação, em parceria com a secretaria municipal de Transportes, mais de 60 ônibus, cujos elevadores de acessibilidade estavam com defeito ou que não sabiam ser operados pelos motoristas e cobradores. Nossa meta é se aliar às empresas na capacitação desses profissionais para que as pessoas com deficiência sejam atendidas.

Ter um Rio + Acessível é chamar a atenção de todos sobre as dificuldades e necessidades das pessoas com deficiência. Vamos propor um trabalho integrado junto com os grandes empregadores do Rio de Janeiro para melhor aproveitamento da mão de obra das pessoas com deficiência. Chega de pensar na deficiência; está na hora de pensar no profissional. A Lei de Cotas não deve ser uma obrigação, mas sim um estímulo para que mais pessoas com deficiência consigam uma posição profissional.

Os talentos existem e precisam de oportunidades. Pessoas com deficiência de destaque em suas áreas não podem mais ser exceção. Quando falamos em uma sociedade mais diversa, devemos incluir cadeirantes, cegos, surdos, pessoas com baixa locomoção, com síndrome de down, autistas, amputados, pessoas com baixa audição, visão, etc. Uma sociedade mais justa e igual, tem que colocar a empatia à frente de qualquer julgamento. Quando nos colocamos no lugar do outro, entendemos até onde ele pode ir. Vamos refletir e agir, todos juntos, para mudar essa situação.
 
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*Marco San é secretário da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Tecnologia.