Chrystina Barros - Divulgação
Chrystina BarrosDivulgação
Por Chrystina Barros*
As vacinas são as mais poderosas armas para o combate à doenças infecto contagiosas que a ciência dispõe. É claro que saneamento básico, boa alimentação, atividades físicas e uma vida feliz, são os ingredientes a que toda a sociedade deve ter acesso, se quisermos envelhecer bem, com saúde.

Mas é fato que as vacinas são a melhor forma de prevenção de doenças graves em crianças e adultos. Elas são desenvolvidas especificamente para nos proteger de determinado vírus ou bactéria, estimulando nosso organismo a produzir anticorpos contra estes agentes quando somos expostos aos mesmos. Então, as vacinas são específicas e precisam de muito investimento, tempo e tecnologia para serem de fato seguras e eficazes.

O Brasil é referência mundial quando se fala em imunização não apenas pelo nosso programa de cobertura de vacinas na atenção básica, na cobertura vacinal feita nos postos de saúde, mas também pela condição técnica para o seu desenvolvimento e fabricação, seja para uso próprio ou exportação.

Temos muito a nos orgulhar dos trabalhos da Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Butantã e Evandro Chagas. Mas produzir uma vacina não é fácil. Por complexidade técnica e ética, existem fases muito bem definidas para que os trabalhos feitos em laboratório cheguem a toda a população.

Nas Filipinas, em 2016, uma vacina francesa do Laboratório Sanofi, foi utilizada em larga escala para se prevenir dengue. Entretanto, pessoas que não tinham tido a doença antes de tomar a vacina, desenvolveram dengue em forma muito mais grave quando entraram em contato com o vírus no ambiente. A vacinação foi suspensa, o registro da vacina naquele país foi suspenso e a Sanofi foi multada. Por isso é tão importante garantir que todos os testes e validações técnicas sejam feitos com total rigor. Não podemos simplesmente importar vacinas ou colocar algo em produção sem todos os testes.

Hoje, o Instituto Butantã está finalizando o desenvolvimento de uma vacina para Dengue, que começou em 2009 e vai imunizar nossa população para os 4 subtipos de vírus circulante em nosso país. Este estudo está na fase três, que é a última antes do registro na Vigilância Sanitária e uso em grande escala. São 17 mil voluntários, pessoas que se apresentaram a ciência e receberam doses desta vacina, sendo monitorados, acompanhados quanto a efeitos colaterais, segurança e a eficácia da vacina quando expostos ao contato com o vírus em condições normais de vida. Aqui não existe falta de investimento, recursos e talento. Fazer ciência requer tempo e muita responsabilidade. Assim, com base em experiências anteriores e resultados que são monitorados permanentemente, a área técnica do Instituto Butantã prevê que tenhamos esta vacina liberada para a população em 2021, o que sem dúvidas será um grande salto no controle da dengue, mas não podemos nunca esquecer que o mosquito Aedes Egipty, além de transmitir dengue, transmite muitas outras doenças e representa nossa falta de cuidado adequado com saneamento básico e condições de infraestrutura urbana.

Contra isso, somente educação, conscientização e boas políticas públicas que cuidem da atenção básica e condições dignas de vida e cidadania podem resolver o problema. E temos muito a caminhar. Começa por nós, no cuidado com o vaso de plantas da sua sala, mas também, com nosso voto, reconhecimento a boas propostas e cobrança das suas implantações e resultados, todos os dias. Saúde a todos!
*Chrystina Barros é gestora de saúde