Mônica Roberta - Divulgação
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Por Mônica Roberta*
O Rio de Janeiro foi o pioneiro. Os quatro dias de Carnaval se multiplicaram e viraram quase 50 dias. Haja fôlego, suor e disposição para brincar e ainda trabalhar nesse período. Agora, a fatídica pergunta: quem ganha com a folia antecipada?

Se fizermos uma breve análise, a ideia foi excelente, porque a cidade ganha visibilidade, atrai mais turistas - nacionais e estrangeiros -, aumenta a receita, além de ajudar na recuperação da posição do país no ranking mundial das cidades mais visitadas. De acordo com o Top 100 City Destinations 2018, o Rio de Janeiro caiu da 94ª posição para a 101ª, sendo a única cidade brasileira na seleta lista.

Segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), a cidade de Hong Kong lidera o ranking com 29,8 milhões de turistas, enquanto que o nosso país recebeu, cerca de, 6,6 milhões turistas não residentes, ficando o Rio de Janeiro com menos de 30% desses turistas.

Por sua vez, os principais convidados, os foliões, podem extravasar suas angústias e fazer novas amizades e relacionamentos, porque como nós sabemos, o carioca é um dos povos mais receptivos do planeta e menos de cinco minutos são suficientes para se estabelecer novas amizades.

Não podemos esquecer do comércio e da indústria, afinal, se existe folia faz-se necessário produzir para atender a demanda das farmácias, das lojas de roupas e de adereços, dos supermercados, bares e restaurantes entre tantos outros.

O desemprego no Estado do Rio de Janeiro está na faixa de 14%, é a pior taxa da Região Sudeste, logo, “carnaval fora de época” é sinônimo de oportunidade de emprego (carteira assinada) ou de trabalho (sem carteira). São quase 1,3 milhão de desempregados e é uma contradição quando analisamos o 4º trimestre de 2014, quando o Estado vivia o “pleno emprego”, graças à Copa do Mundo e às Olimpíadas de 2016. Hoje, mais de 5,2 milhões de pessoas procuram emprego há mais de um ano, então, muitos irão para as ruas vender produtos e serviços, nos momentos que antecedem e no decorrer dos blocos carnavalescos.

Esse evento, além do comércio e da indústria, também é uma grande oportunidade para o mercado da estética, beleza e fitness, porque é um mercado que cresce de “vento em popa”, movimentando cerca de U$ 2 bilhões/ano, e que liga as duas pontas da cadeia, dos profissionais aos consumidores – homens e mulheres – afinal, todo mundo que ficar bem nas fotos e, consequentemente, nas redes sociais.

Todavia, não há como negar que o maior impacto financeiro é no setor de bebidas. O forte verão do Rio de Janeiro e a animação dos blocos elevarão o consumo das bebidas em milhões de litros.

Ao falarmos em multidões, falamos no lixo produzido, logo, aqueles que trabalham com reciclagem terão toneladas de lixo para separar e vender. Trata-se de uma bela renda extra, bastando ter disposição de acompanhar os blocos e de recolher os recicláveis.

Quem anima as festas, também está comemorando, tais como os DJ's, músicos e demais artistas que se apresentarão nos eventos. Além do reconhecimento popular, as empresas podem aproveitar as festas para divulgar as suas marcas e se relacionar com os clientes.

Enfim, a ideia é realmente fantástica, coisa de profissional de marketing. Contudo precisa ter planejamento para não se transformar num pesadelo, ainda mais em ano de eleições municipais.
*Mônica Roberta é coordenadora Acadêmica do Projeto Reta de Chegada