Ricardo Rio Divulgação
Por Ricardo Rio*
Publicado 03/02/2020 03:00
No mês de janeiro, completou um ano da maior tragédia ambiental do nosso país, o rompimento da barragem de Brumadinho. Lamentavelmente, esse fato ceifou a vida de 270 pessoas.
A tragédia mudou por completo a vida daqueles que moram na região, mas mudou também a rotina de centenas de outras pessoas que moram entorno de outras barragens. O fato de conviver próximo a barragens passou a ser um risco que traz consigo problemas emocionais adversos, como ansiedade e síndrome do pânico.

Um ano já passou, mas a pergunta permanece: “Essa tragédia poderia ser evitada?” Alguns fatores chamam a atenção: Como as verificações rotineiras, os instrumentos e as auditorias periódicas realizadas na barragem não foram capazes de apontar o aumento do risco? Nesse episódio uma coisa é certa, a barragem não se rompeu “sem dar avisos”, assim de uma hora para outra. Certamente algumas anomalias surgiram e se revelaram um verdadeiro aviso. Possivelmente esses avisos foram até identificados, mas a dúvida é como eles foram tratados. Nesse ínterim, duas vertentes apresentam-se: Os avisos foram devidamente identificados, mas interpretados de forma inconsistente por incapacidade técnica ou os avisos que foram identificados simplesmente foram negligenciados. São esses dois pontos que devem ser o foco da investigação, um deles será revelado.

Por outro lado, esse tipo de operação requer profissionais atualizados e por isso quem trabalha no setor de QSMS (Qualidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho) deve sempre buscar por novas tecnologias e fazer network. Por exemplo, muitos farão isso numa feira de QSMS que acontecerá no Rio de Janeiro em março. Esse tipo de encontro é oportuno para troca de conhecimento profissional. Nesse viés, é importante que as empresas também façam sua parte. É necessário apoiar a busca por renovações tecnológicas e por novos conhecimentos, mas acima de tudo apoiar a disposição de faz o que é necessário, independentemente da obrigatoriedade e dos recursos envolvidos.

Infelizmente, ainda não vemos ações enérgicas por parte das autoridades públicas, como mecanismos de controle mais eficazes. Percebe-se que as autoridades são reativas e não proativas, infelizmente o acidente deve acontecer primeiro para depois se iniciar uma busca por modelos mais seguros. Obviamente, também se espera que as autoridades políticas não se coloquem na posição de indiferentes, afinal a carga de responsabilidade não pode ficar apenas na esfera do executivo – o legislativo também deve se envolver.
Temos os fatos de hoje, do que aconteceu nesse inteiro ano de tragédia, mas não temos os fatos futuros, não sabemos o que irá acontecer. A verdade é que não podemos apenas ficar pedindo ajuda para Deus – temos que agir! Isso requer o engajamento de todos, sociedade, autoridades publicas, profissionais do setor e empresas, e assim entraremos num processo de plena seriedade e respeito e talvez não tenhamos mais notícias terríveis como essa de Brumadinho.
*Ricardo Rio é perito ambiental