Publicado 01/02/2020 03:00
O final do século XIX experimentou avanço técnico e científico em patamar jamais visto na história da humanidade. O advento da eletricidade, da aviação e do automóvel, dentre outras novidades, deu aos indivíduos a sensação de onipotência jamais sentida. Embora Gutemberg tenha criado a prensa por volta de 1450 foi na segunda metade do século XIX que a imprensa se popularizou. Antes desta época o mundo era propício para crenças no sobrenatural para o que não era explicável. A partir de então, a racionalidade tomou conta do mundo e o que fosse inexplicado passou a ser objeto de especulação e busca de conhecimento. Ao invés do comodismo que remetia as explicações ao divino, todos os fenômenos passaram a ser objeto de estudo. O sobrenatural saiu do centro das explicações e a ciência e o conhecimento, aparentemente, passaram a permear as reações e relações humanas.
Em todos os aspectos da vida social as transformações se refletiram. Até os modelos de jardins passaram a expressar a ‘grandeza humana’. Difundiram-se pelo mundo os jardins franceses, criados no século XVII durante o reinado de Luiz XIV, o “Rei Sol”. Estes jardins são os mais rígidos e formais de todos os estilos, pois tem formas geométricas e simetria perfeita. Os caminhos nesse tipo de jardim são bem definidos, com cercas vivas e arbustos compactos, verdes e perfeitamente podados, formando desenhos. O estilo pretende demonstrar o domínio do homem sobre a natureza. No Rio de Janeiro, um jardim se destaca com este estilo, com arbustos podados e formas bem definidas. Está na Praça Paris, criada a partir de um aterro do mar com terra proveniente do desmonte do Morro do Castelo. Após a proclamação da República a elite cafeeira de Minas Gerais pretendeu construir uma capital para o Estado. O plano para a construção de Belo Horizonte, apresentado em 1895, com ruas paralelas e perpendiculares formando quadrados e losangos desconsiderou a existência de inúmeros riachos que cruzavam a região. Era mais uma vez a expressão do domínio humano sobre a natureza.
Além dos estilos urbanísticos e paisagísticos a natureza foi tratada como fornecedora de recursos infinitos, dos quais se podia abusar. A exploração dos recursos naturais se faz em razão de um sistema que se alimenta do consumismo e que precisa produzir continuamente para se manter em funcionamento. É um paradoxo. Se não houver consumo o sistema econômico entra em colapso; se mantivermos os atuais padrões de consumo o que entrará em colapso será o planeta.
A equação se resolve com o uso adequado dos recursos naturais, que são finitos. Mas, a irracionalidade tomou conta do Brasil. A estupidez e a brutalidade tomaram conta do poder e somos estimulados a deixar de pensar. Tudo tem sido reduzido a frases de efeito, sem qualquer relação com a realidade. Indivíduos colocados em cargos para os quais nunca se prepararam usam o poder para afirmar suas crenças absurdas, insustentáveis diante de qualquer análise. Entre buscar as causas e consequências, opta-se por acreditar em versões fantasiosas, porque é menos angustiante que enxergar a realidade. Com o apoio de fake news as crenças substituem a razão. Acredita-se no que é ilógico ao invés de se colocar o raciocínio para ajudar nas conclusões. E assim, o meio ambiente vem sendo devastado, sob o imperativo da ordem econômica. Mas, a natureza busca o seu reequilíbrio e nesta queda de braço o ser humano é o mais frágil. Já não há como pensar em domínio sobre a natureza. Com ela precisamos aprender a conviver.
Em todos os aspectos da vida social as transformações se refletiram. Até os modelos de jardins passaram a expressar a ‘grandeza humana’. Difundiram-se pelo mundo os jardins franceses, criados no século XVII durante o reinado de Luiz XIV, o “Rei Sol”. Estes jardins são os mais rígidos e formais de todos os estilos, pois tem formas geométricas e simetria perfeita. Os caminhos nesse tipo de jardim são bem definidos, com cercas vivas e arbustos compactos, verdes e perfeitamente podados, formando desenhos. O estilo pretende demonstrar o domínio do homem sobre a natureza. No Rio de Janeiro, um jardim se destaca com este estilo, com arbustos podados e formas bem definidas. Está na Praça Paris, criada a partir de um aterro do mar com terra proveniente do desmonte do Morro do Castelo. Após a proclamação da República a elite cafeeira de Minas Gerais pretendeu construir uma capital para o Estado. O plano para a construção de Belo Horizonte, apresentado em 1895, com ruas paralelas e perpendiculares formando quadrados e losangos desconsiderou a existência de inúmeros riachos que cruzavam a região. Era mais uma vez a expressão do domínio humano sobre a natureza.
Além dos estilos urbanísticos e paisagísticos a natureza foi tratada como fornecedora de recursos infinitos, dos quais se podia abusar. A exploração dos recursos naturais se faz em razão de um sistema que se alimenta do consumismo e que precisa produzir continuamente para se manter em funcionamento. É um paradoxo. Se não houver consumo o sistema econômico entra em colapso; se mantivermos os atuais padrões de consumo o que entrará em colapso será o planeta.
A equação se resolve com o uso adequado dos recursos naturais, que são finitos. Mas, a irracionalidade tomou conta do Brasil. A estupidez e a brutalidade tomaram conta do poder e somos estimulados a deixar de pensar. Tudo tem sido reduzido a frases de efeito, sem qualquer relação com a realidade. Indivíduos colocados em cargos para os quais nunca se prepararam usam o poder para afirmar suas crenças absurdas, insustentáveis diante de qualquer análise. Entre buscar as causas e consequências, opta-se por acreditar em versões fantasiosas, porque é menos angustiante que enxergar a realidade. Com o apoio de fake news as crenças substituem a razão. Acredita-se no que é ilógico ao invés de se colocar o raciocínio para ajudar nas conclusões. E assim, o meio ambiente vem sendo devastado, sob o imperativo da ordem econômica. Mas, a natureza busca o seu reequilíbrio e nesta queda de braço o ser humano é o mais frágil. Já não há como pensar em domínio sobre a natureza. Com ela precisamos aprender a conviver.
*João Batista Damasceno é juiz
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