André Esteves - Divulgação
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Por André Esteves
O Carnaval é a festa popular mais importante do calendário nacional. Movimenta a economia, gera muitos empregos diretos e indiretos, e atrai milhares de turistas de todas as partes do planeta. Dois bilhões e seiscentos milhões de reais serão injetados nos cofres da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, segundo estimativas anunciadas recentemente. Excelente notícia!
O grande desafio é conciliar as oportunidades geradas por esta agenda de forma sustentável, de maneira que deixem um legado após as folias de Momo. Aos poucos a sustentabilidade vem sendo incorporada ao Carnaval. Para que isso ocorra em maior escala, será importante sensibilizar ainda mais para a educação ambiental e o consumo consciente. Várias iniciativas já vêm sendo experimentadas nesse sentido.
Uma nova geração de carnavalescos tem implementado, em seus barracões, conceitos de sustentabilidade com reaproveitamento, reuso e reciclagem de material, bem como utilização e reutilização de produtos alternativos menos poluentes para o meio ambiente. Além da redução de custos, produzem menor impacto ambiental. Dez! Nota dez!
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Os blocos, em número cada vez maior por toda a cidade, desfilam com mensagens de conscientização e responsabilidade social. Claro, ainda com pouco compromisso em relação a este tema, mas crescente a cada ano. Além de serem espaços democráticos para manifestações diversas, inclusive sobre o tema ambiental, continuam com críticas contundentes sobre costumes e muito atentos aos problemas da cidade. A produção de resíduos cresce exponencialmente durante este período. Em grande parte, porque o consumo de material descartável é a solução encontrada para atender a demanda nesta ocasião. Neste caso, é fundamental a preocupação com o descarte responsável. Mais que isso, com a possível redução do seu consumo. Você pode adotar um comportamento mais comprometido com o meio ambiente. Junte os resíduos e descarte nos locais apropriados. Colabore para que eles tenham uma destinação correta. Evite desperdícios. Resíduos mal tratados viram lixo, perdem valor econômico e poluem rios, mares e oceanos. Comprometem o saneamento básico e a saúde da população. Estimativas de organismos internacionais afirmam que, pelo andar da carruagem, teremos mais plásticos nos oceanos do que espécies marinhas em 2050. Logo ali.
Vivemos uma crise hídrica sem precedentes na história do nosso Estado. Boa parte por incompetência na gestão pública. A outra parte é relacionada à falta de noções básicas de educação ambiental - disciplina que deveria ser incluída, obrigatoriamente, na grade curricular dos ensinos fundamental e médio - e à ausência de políticas públicas neste sentido. Cabem também ações mais intensas e diretas do poder público nas comunidades e bairros, principalmente através das associações de moradores e comerciantes.
A alegria, a irreverência e a descontração são a tônica desta grande festa. Mais do que nunca, é fundamental realizá-la com compromisso cidadão, respeitando a diversidade e o meio ambiente. É possível aproveitar o Carnaval e, ao mesmo tempo, ter atitudes sustentáveis. Pense nisso!
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*André Esteves é professor universitário e secretário executivo do Instituto OndAzul