Chrystina Barros - Divulgação
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Por Chrystina Barros*
Em 2016 o Brasil recebeu o Certificado de Erradicação do Sarampo da Organização Panamericana de Saúde. Aquela época, frente ao sucesso do nosso programa de imunização, não tínhamos registrado em 12 meses, NENHUM caso confirmado da doença. Mas perdemos esta conquista. Em 2017, a meta era manter 95% de cobertura vacinal em crianças até 16 anos. E isto era algo possível, pois já havíamos feito. Chegamos apenas a 70% de cobertura para a tetra viral, que protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela. Assim a conta chegou: em fevereiro de 2018 tivemos o primeiro caso notificado de sarampo no país e, ano passado, mais de 19 mil casos confirmados e pelo menos 14 óbitos em São Paulo.

No Rio de Janeiro, depois de 20 anos sem óbitos, em fevereiro agora uma criança morreu de complicações de sarampo. Já são mais de 195 casos notificados. Não precisávamos passar por isso. Outra prova de que a vacina é segura e eficaz porque o vírus continua no ambiente, mas se não mantivermos a cobertura vacinal, a doença se manifesta como tem acontecido. Não existe barreira efetiva sem cobertura vacinal. Então mais do que nunca, precisamos acordar para a necessidade de manter as vacinas em dia. E não é só criança, adulto também precisa se vacinar.

O Ministério da Saúde já reforçou apelos e lançou campanha. Em 13 de janeiro tivemos o dia D para a vacinação contra o Sarampo em todo o país, mas o Rio segue com os postos de vacinação e serviços móveis de vacina por todo o estado frente ao risco que corremos. Crianças a partir de 6 meses devem tomar a vacina que já é parte do calendário vacinal normal e por estarmos sob ameaça de um surto, a indicação está estendida para adultos até 59 anos. A meta é atingir 3 milhões de pessoas em todo o estado.

O sarampo é uma doença altamente contagiosa. Comparando com o novo coronavírus que tanto assusta com as notícias que recebemos todos os dias, ele é 15 vezes mais transmissível e com maior risco de morte, podendo deixar sequelas por toda a vida.

Os primeiros sintomas são mal-estar geral, febre, manchas vermelhas que se iniciam pelo rosto e vão descendo por todo o corpo, além de tosse, coriza e conjuntivite.

A vacina tem contraindicação para pessoas que estão com suspeita de sarampo, tem doenças imunológicas ou algum outro comprometimento momentâneo como uso de quimioterapia, gestantes e crianças com menos de seis meses. Informe também se tiver alguma alergia a frutose ou leite de vaca. O profissional de saúde saberá orientar a melhor condução para o seu caso.

E lembre-se: tomar vacina é uma atitude pessoal de impacto na sociedade. Não abra mão deste seu papel nem prejudique a sua família, seus filhos, quem você ama. Notícias falsas espalham mentiras sobre vacinas, mas não há forma melhor de nos prevenirmos contra doenças medievais do que pela vacinação. Se você foi vacinado, não prive seu filho disto. É preciso cortar de vez o movimento dos anti-vacinas. Faça a sua parte. Vacine-se!
*Chrystina Barros é pesquisadora em Saúde na UFRJ