A mudança climática no planeta é, sem sombra de dúvida, um fator a ser considerado para tamanhas alternâncias de temperaturas, incêndios e chuvas desproporcionais. Não há mais como ignorarmos essa realidade que precisa, urgentemente, ser vista por todas as nações. No entanto, de forma regionalizada é preciso que se faça o dever de casa.
No nosso país, de dimensões continentais, não só o governo federal deve estar atento a novos protocolos, como cada estado e município precisa fazer a sua parte. É inaceitável que em pleno século 21, o saneamento básico no Brasil, mesmo sendo um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei nº. 11.445/2007, ainda ocupe o 112º num ranking de saneamento entre 200 países, segundo o Instituto Trata Brasil e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Falta infraestrutura básica para uma população que nos últimos 50 anos mais do que dobrou de tamanho. A desorganização urbana cresceu paralelamente, aumentando o número de favelas e de residências em áreas de risco, uma desordem que ocorreu sob os olhos apáticos do poder público.
Ninguém leva a sua família para viver em áreas de alta periculosidade por que quer. Tampouco se pensa em economizar tubos conforme ouvimos do prefeito. A pobreza é uma realidade e cabe ao Poder Público oferecer condições dignas de habitação e fiscalizar para evitar que certas áreas sejam habitadas para que vidas sejam preservadas.
Claro que a população tem a sua dose de responsabilidade quando polui a Cidade, rios e esgotos. Isso merece uma reflexão de cada um de nós. Por outro lado, falta educação para o povo, assistência e serviços sociais sólidos que possam reforçar a formação cidadã.
Enquanto isso não acontecer de forma eficaz, as águas de março cantada pelo Mestre Tom Jobim, trarão não promessas de vida no nosso coração, mas dor, morte e tristeza.
*Marcos Espínola é advogado e especialista em Segurança Pública