Ana Beatriz Barra - Divulgação
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Por Ana Beatriz Barra*
Toda segunda quinta-feira do mês de março, os profissionais dedicados a cuidar da saúde dos rins alertam a população sobre a importância deste órgão e orientam como diagnosticar e prevenir a doença renal. Para isso a Sociedade Internacional de Nefrologia criou uma organização chamada Dia Mundial do Rim, www.worldkidneyday.org (em inglês), que escolhe um tema por ano, sempre relacionado à saúde renal. Em 2020, no dia 12 de março, a campanha se dedica a um alerta global: Saúde Renal para Todos, em Todos os Lugares. Isto porque a doença renal atinge cerca de 850 milhões de pessoas no mundo, ou seja, uma em cada dez tem algum comprometimento da função dos rins, gerando enorme ônus aos pacientes e aos sistemas de saúde.

Nas últimas duas décadas, o Brasil viu o número de pacientes renais triplicar. Hoje, quase 140 mil pessoas fazem diálise por aqui. Estimativas da comunidade médica apontam que haja pelo menos 25 mil mortes por ano no Brasil em decorrência da doença renal.

Por isso, discutir prevenção é tão importante. Você já pensou em monitorar ou cuidar da sua saúde renal? A maioria vai responder que não. Muitas vezes conhecemos como está nosso colesterol, mais muito raramente sabemos o valor da nossa creatinina. E é a creatinina que é capaz de informar muito sobre o funcionamento adequado dos rins. É um exame de urina acessível e muito barato.

Além da simplicidade do diagnóstico, as orientações para se manter a saúde renal também não são complexas: hábitos alimentares saudáveis, exercícios físicos, não fumar, não ingerir suplementações, fitoterápicos ou medicações sem orientação nutricional ou médica (especialmente anti-inflamatórios e antibióticos) e manter-se hidratado são todos pequenos cuidados que, se cultivados desde a infância, protegem eficazmente os rins. Estes cuidados, tanto de hábitos quanto de monitorização da função renal, são ainda mais essenciais para pacientes diabéticos e/ou hipertensos, aqueles que tem parentes com problemas renais graves, como os que apresentam cálculos ou infecções urinárias de repetição ou tem malformações do trato urinário, além daqueles com doenças reumatológicas graves com Lupus ou Artrite Reumatóide.

São os chamados grupos de risco para a doença renal. Estes pacientes precisam necessariamente avaliar periodicamente a função renal através da creatinina e urina (EAS). Para estes, mais do que para todos, os pequenos cuidados (acompanhar a função dos rins + hábitos saudáveis) trazem grandes resultados, adiando ou mesmo evitando a necessidade futura de diálise ou transplante renal. Não tem mistério. Vamos cuidar dos nossos rins, filtros perfeitos que a natureza nos deu. Pequenos cuidados, grandes resultados.
*Ana Beatriz Barra é nefrologista e gerente médica da Fresenius Medical Care