Publicado 17/03/2020 03:00
A precarização de um serviço prestado por governos para a população, por vezes, tenta disfarçar a sua real intenção que é exatamente a sua privatização. É um projeto. Seu método mais simples e perverso é a asfixia de recursos, que atinge até a manutenção preventiva básica dos equipamentos. Com o garrote apertando, trabalhadores qualificados e com larga experiência são demitidos. Com o tempo, cai a qualidade na prestação de serviços, e começamos a ouvir discursos sobre ineficiência, seguido da necessidade da venda, até a entrega por um valor irrisório. Com a Cedae não está sendo diferente. Witzel, candidato, dizia de forma clara ser contra a privatização da Cedae. Eleito governador, continuou afirmando que era contra, e, de repente, mudou de ideia. Debaixo desse angu tem caroço.
Sem dúvida, é a maior crise de abastecimento de água desde a fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 1975. Nunca havia tido um problema tão sério, em relação à distribuição da água, ou seja, fazer com que a água de fato chegasse às casas das pessoas com qualidade. Aliás, problema que ainda não foi resolvido. E que foi agravado depois de o governo demitir 54 funcionários concursados da Cedae, a maioria engenheiros com 25 a 40 anos de casa, em março de 2019. Alguns deles, cuidavam exatamente do controle da água, o que representou uma perda enorme de conhecimento técnico e gerencial, além da memória da empresa, que precisa ser transmitida gradativamente para os trabalhadores mais jovens.
A insistência na venda da Cedae não foge a lógica perversa do capital. Só que, nesse caso, apesar do processo de sucateamento em andamento, a empresa pública dá lucro. E muito: aproximadamente R$ 1 bilhão em 2019. O patrimônio líquido da companhia em julho, agosto e setembro do ano passado foi calculado em mais de R$ 8,6 bilhões. Esses números mostram que o negócio da água é lucrativo, e desmentem a falácia da necessidade da venda da Cedae para a recuperação fiscal do estado do Rio de Janeiro.
As cifras revelam também que há orçamento para investir em pesquisa, tratamento e controle da água. E que a companhia tem plenas condições de fazer isso. Basta vontade política. Gestão. Respeito ao corpo técnico reconhecidamente qualificado. É pedir muito? Não. Pelo contrário. Acreditamos que é o mínimo, tendo em conta esse desastre que aconteceu com a qualidade da água, que afligiu e continua afligindo de forma brutal toda a população do Rio de Janeiro, principalmente da Região Metropolitana. Moradores continuam passando mal após beber água com gosto e cheiro de terra.
Para avançar nessa questão, contribuindo para resolver definitivamente esses problemas, demos entrada em um projeto de lei para que a Cedae invista parte dos seus lucros na Bacia Hidrográfica do Rio Guandu. Em várias cidades importantes do mundo, como Paris e Berlim, a coisa andou no sentido contrário, de retomar o controle da água porque simplesmente não deu certo. Nós não podemos andar para trás.
*Eliomar Coelho é deputado estadual do PSOL-RJ
Sem dúvida, é a maior crise de abastecimento de água desde a fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 1975. Nunca havia tido um problema tão sério, em relação à distribuição da água, ou seja, fazer com que a água de fato chegasse às casas das pessoas com qualidade. Aliás, problema que ainda não foi resolvido. E que foi agravado depois de o governo demitir 54 funcionários concursados da Cedae, a maioria engenheiros com 25 a 40 anos de casa, em março de 2019. Alguns deles, cuidavam exatamente do controle da água, o que representou uma perda enorme de conhecimento técnico e gerencial, além da memória da empresa, que precisa ser transmitida gradativamente para os trabalhadores mais jovens.
A insistência na venda da Cedae não foge a lógica perversa do capital. Só que, nesse caso, apesar do processo de sucateamento em andamento, a empresa pública dá lucro. E muito: aproximadamente R$ 1 bilhão em 2019. O patrimônio líquido da companhia em julho, agosto e setembro do ano passado foi calculado em mais de R$ 8,6 bilhões. Esses números mostram que o negócio da água é lucrativo, e desmentem a falácia da necessidade da venda da Cedae para a recuperação fiscal do estado do Rio de Janeiro.
As cifras revelam também que há orçamento para investir em pesquisa, tratamento e controle da água. E que a companhia tem plenas condições de fazer isso. Basta vontade política. Gestão. Respeito ao corpo técnico reconhecidamente qualificado. É pedir muito? Não. Pelo contrário. Acreditamos que é o mínimo, tendo em conta esse desastre que aconteceu com a qualidade da água, que afligiu e continua afligindo de forma brutal toda a população do Rio de Janeiro, principalmente da Região Metropolitana. Moradores continuam passando mal após beber água com gosto e cheiro de terra.
Para avançar nessa questão, contribuindo para resolver definitivamente esses problemas, demos entrada em um projeto de lei para que a Cedae invista parte dos seus lucros na Bacia Hidrográfica do Rio Guandu. Em várias cidades importantes do mundo, como Paris e Berlim, a coisa andou no sentido contrário, de retomar o controle da água porque simplesmente não deu certo. Nós não podemos andar para trás.
*Eliomar Coelho é deputado estadual do PSOL-RJ
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