
Segundo a Plataforma Fogo Cruzado, no primeiro mês de quarentena na cidade do Rio, o número de tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana caiu quase pela metade (46%), sendo registrados 460 no período entre 14 de março e 13 de abril. Ao todo, 137 pessoas foram baleadas durante a quarentena - destas, 58 morreram.
Este período coincide com o decreto dos governos limitando a circulação de pessoas e do exercício de atividades não essenciais como medidas para a não propagação do vírus. No entanto, é interessante compararmos esses números com o mesmo período de 2019, quando houve 839 tiroteios no Grande Rio, com 129 pessoas mortas e 133 feridas. A plataforma sinalizou ainda que o isolamento social representou também uma queda de 55% no número de mortos e 41% no número de feridos.
Outra informação importante é a queda de 47% na quantidade de tiroteios com a presença de agentes de segurança, sendo 125 agora ante 236 no mesmo período do ano passado. E é nesse ponto que, talvez, esteja a necessidade de uma atenção maior, tendo em vista que, independente das circunstâncias, bem atípica, diga-se de passagem, os números comprovam caminhos para uma menor ação da violência.
Claro que em dias comuns não podemos contar com 70% das pessoas em casa, diminuindo significativamente a circulação nas ruas. Mas é possível imaginarmos que, pontualmente, a redução das incursões e/ou operações policiais de caráter ostensivo pode significar a mitigação de disparos, tiroteios e, consequentemente, vítimas de balas perdidas.
O desafio das autoridades em segurança pública é entender o que esse período pode nos trazer de aprendizado para mesmo no dia a dia normalizado minimizarmos confrontos e as mortes tanto de inocentes quanto de agentes de segurança.
*Marcos Espínola é advogado e especialista em Segurança Pública