José Alexandre Araújo - Divulgação
José Alexandre AraújoDivulgação
Por José Alexandre Araújo*
Comecei a ter os primeiros sintomas no dia 18 março. Com pouca tosse, bem inespecífica, e a noite com febre baixa.

No dia 19, acordei com tosse mais frequente, mas não imaginava que estivesse com o vírus. Trabalhei normalmente no Hospital do Andaraí. No dia seguinte, a febre e a tosse pioraram e eu e minha esposa optamos pelo meu isolamento.

No dia 20, com febre de 39 º C/ 40 º C, fiquei de cama com dor de cabeça que não respondia nem a dipirona, além da tosse.

No sábado, tive febre alta, dor de cabeça e tosse. No domingo, também, aí começou a falta de ar que foi piorando. Na segunda, piorei e comunicava só por mensagens. A falta de ar gera um medo maior de piorar e ter que ir para o hospital.

Conseguia dormir, mas tinha dispneia. Na quinta, acordei com mais falta de ar, não conseguia nem comer. Neste dia optamos por ir ao hospital, lá fiz a tomografia e apareceram as pneumonias dos dois lados no pulmão espalhadas e em pouca quantidade. Os médicos optaram por me mandar para casa, sendo orientado a qualquer piora da falta de ar ou de febre voltasse para o hospital para internar.

No sábado, acordei melhor, já haviam passado 10 dias de doença, mas no domingo piorei, com cansaço, muita tosse e fraco. No 11º dia, ainda com febre e a dispneia estava se mantendo aos mínimos esforços. Sempre isolado, sem contato com ninguém e com muito medo.

O medo é algo que nos consome psicologicamente, parei de ver TV no quarto dia de doença, só apareciam notícias de pessoas nos CTI dos hospitais, gente morrendo. E acreditem, você acha que vai morrer. Principalmente nós médicos que sabemos das complicações que podem ocorrer. Pensar em ser entubado me dá medo, perdi quatro quilos em uma semana e desidratei.

No domingo dormi mal e na segunda, era meu 12º dia doente, acordei cansado e desanimado porque os dias da doença já estavam no fim e eu não melhorava, só a febre parou.

No, 13º dia, fui dormir sem falta de ar. No 14º dia de doença, acordei sem nenhum sintoma. Neste dia acabava meu isolamento e fui fazer um novo teste no Hospital da UFRJ, estava apenas com tosse. Não estou sentindo mais nada. Voltei a trabalhar dia 6 de abril, super bem.

Só para constar, no sexto dia de doença eu fui ao Hospital e fiz o exame, atestando positivo para a Covid-19 e no 14 º dia voltei e refiz o exame. Ficou pronto dia 6 de abril mostrando que não tinha mais doença nenhuma.

Venci essa guerra! E não posso deixar de ressaltar o apoio que todos me deram. O apoio psicológico é uma coisa muito importante nessa doença, pois ela nos consome.

Apoio dos meus amigos, colegas. Da minha esposa que foi amiga, enfermeira, médica e mãe, que cuidou de mim da melhor forma possível, mesmo com medo me dando o maior apoio possível. Todo esse apoio nos ajuda muito nos altos e baixos da doença, principalmente nos baixos.
*José Alexandre Araújo é urologista