Renato Lima do Espírito Santo  - Divulgação
Renato Lima do Espírito Santo Divulgação
Por Renato Lima do Espírito Santo*
Estamos passando por um dos momentos mais sensíveis na história. A pandemia da Covid-19 vem impondo uma rotina de sacrifícios a todos. Em tempos difíceis, o caminho mais fácil é apontar o dedo. Pior: fala-se sobre assuntos sem que se tenha posição fundamentada e equilibrada.

Em artigo publicado neste jornal, o gestor Alexandre Arraes desfilou acusações à Cedae. Se estivesse interessado em discutir os desafios do saneamento no Brasil, poderia ter buscado conhecer o tema antes de fazer afirmações equivocadas, desconhecendo que a Companhia foi reconhecida, em 2018 e 2019, pela revista Exame, como a melhor empresa de Infraestrutura no país.

A Cedae, responsável pelo abastecimento de água em 62 municípios fluminenses, também precisou adaptar sua rotina às restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus. Com a crise, foram adotadas medidas para preservar a vida de clientes e empregados. Uma delas é a realização da leitura de hidrômetros somente dos equipamentos em locais de fácil acesso, evitando contato entre funcionário e morador, preservando a saúde de ambos. Quando não é possível fazer a leitura, o faturamento é feito com base na média dos últimos 12 meses, amparado nas regras de tarifas estabelecidas pela Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico (Agenersa).

Ao contrário do que afirmou Arraes, a medida não foi uma “esperteza”. Caso dados reais sejam de interesse do gestor, cerca de 60% dos hidrômetros tiveram leitura na cidade em abril, em imóveis onde é possível fazer a leitura sem expor usuário e empregado.

Desde o início da pandemia, a Cedae buscou medidas para reduzir impactos nos orçamentos dos clientes. Com isso, ofereceu prazo de 60 dias para pagamento das contas de abril e maio a todos, sem cobrança de multas e com parcelamento sem ônus. Também suspendeu a cobrança das faturas por 90 dias para os clientes de tarifa social e comércio de pequeno porte, alcançando cerca de um milhão de pessoas, permitindo reorganizarem despesas.

A Cedae também suspendeu serviços de corte de abastecimento e de negativação para todos durante este período. E, caso haja questionamento sobre fatura, o cliente pode solicitar avaliação pelos canais de atendimento, sem a preocupação de ter o serviço interrompido.

Não há dúvida dos desafios no saneamento. Mas atribuir a responsabilidade exclusivamente à Cedae demostra desconhecimento. É bom lembrar que o controle de onde é ou não permitido construir casas não é uma atribuição da Cedae – alguns “confundem” competências legais. E esquecem do Termo de Reconhecimento Recíproco de Direitos e Obrigações, firmado em 2007, onde constam as comunidades em que o esgotamento é de responsabilidade do município, não da Cedae. Cabe lembrar que, na Área de Planejamento 5, o esgotamento é operado pela iniciativa privada há anos. Logo, quem responde pelo baixo índice de cobertura nesta área não é a Cedae – curioso não ter sido abordado por ele.

Historicamente, o saneamento não acompanha a expansão das ocupações irregulares. Mas a Cedae não deixou de dar atenção a essas regiões. Ações foram tomadas para minimizar o impacto da pandemia, como contratação de novos caminhões-pipa; dedicação de 250 trabalhadores exclusivamente a comunidades; e instalação de sistemas alternativos de abastecimento em áreas precárias, além de ação complementar de saneamento, com a sanitização das comunidades do Rio.

Estamos diariamente nos readequando para melhor atender e garantir a máxima segurança aos clientes e empregados. A Cedae – com seus trabalhadores altamente dedicados – está a serviço da população, e não está sendo diferente neste momento.

*Renato Lima do Espírito Santo é engenheiro e diretor-presidente da Cedae