Ítalo Jardim - Divulgação
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Por Ítalo Jardim*
A canção “Por quem os sinos dobram”, de Raul Seixas,
vale ser lembrada agora como parte do desafio de construir uma outra forma de convivência e de luta em meio à crise sanitária, econômica e política que vivemos.
“Nunca se vence uma guerra lutando sozinho
Você sabe que a gente precisa entrar em contato
Com toda essa força contida e que vive guardada...”
Cantava Raul.

No ano de 1940, Ernest Hemingway publicou o romance “Por quem os sinos dobram” sobre a guerra civil espanhola e os dilemas da vida e da morte na luta contra o fascismo. Porém, a origem da expressão é bem mais antiga. Em 1624, o poeta inglês John Donne, escreveu a frase pela primeira vez, quando adoecido, começando o poema assim: “Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo”

Donne estava acamado. A ele, diferentemente de nós, restava apenas perguntar se não pensavam que era ele o falecido por quem os sinos tocavam.

A canção de Raul Seixas serve como um bom começo de diálogo por uma forte unidade. Ela traduz um sentimento de solidariedade social e de empatia.

Nossa tarefa, embora isolados por uma responsabilidade coletiva, é cumprir o dever moral e político de enfrentar e derrubar o aliado número 1 do coronavírus no mundo. Os sinos não param de badalar.

Ele, Jair Bolsonaro, tem uma tática para ir em frente: ao criar polêmicas faz com que sua claque escolha entre o seu lado e o lado de seus “inimigos”. Quando confrontado pelas instituições, recua, mas no dia seguinte volta a insuflar os que o seguem.

A esquerda brasileira precisa enfrentar seus fantasmas e construir uma alternativa no interior dessa frente ampla democrática, que supere as derrotas do passado não só através de autocrítica, mas também na construção de um programa claramente desvinculado da conciliação de classes, uma nova identidade que permita romper o novo cenário de polarização da direita (de Moro, Witzel ou Dória) com a direita (de Bolsonaro).

“Por quem os sinos dobram”, em outra palavras “que morte está sendo anunciada pelos sinos?”, nos aponta o caminho. Que os sinos dobrem pelo governo Bolsonaro. A hora do Impeachment é agora!

*Ítalo Jardim é historiador, Mestre em Relações Étnicorraciais e professor do IPN