Angela Costa, presidente da ACRJ,  - Jose Renato Antunes/Divulgação
Angela Costa, presidente da ACRJ, Jose Renato Antunes/Divulgação
Por Angela Costa*
É grave a crise da indústria do petróleo. Com a queda da demanda em todo mundo, acentuada pelos reflexos da pandemia do coronavírus, há excesso de oferta e os preços internacionais chegaram a zero no mercado futuro. Preços do barril abaixo de US$ 20 ameaçam poços brasileiros fora da área do pré-sal.

Para a economia brasileira, a depreciação do petróleo é uma péssima notícia. O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) estima uma perda de R$ 20 bilhões para os cofres públicos este ano. O orçamento de 2020 previa uma receita de R$ 57,8 bilhões em royalties e participações, contando União, Estados e Municípios. Mas, com o preço médio de US$ 40, a receita deve cair para R$ 37,7 bilhões.

A Petrobras também sofre impacto direto. Além de rever seus planos de investimentos e o programa de redução de ativos, viu-se obrigada a cortar a produção diária em 200 mil barris. Em consequência, regiões produtoras, como o Estado do Rio de Janeiro, terão redução significativa na receita anual de royalties. A arrecadação para os cofres do Rio já foi revisada de R$ 14,3 bilhões para R$ 10 bilhões, mas deve ficar abaixo disso.

Diante do tombo no valor do petróleo (não se prevê tão cedo o retorno a US$ 60), fica evidente que a economia do Rio de Janeiro não pode continuar na dependência da indústria do petróleo. Há que buscar alternativas.

Lugar comum que precisa ser dito, crise é sempre sinônimo de oportunidade. Chegou o momento de encontrar novos caminhos para o desenvolvimento de nosso Estado. Nesse sentido, está mais válida do que nunca a teoria do economista austríaco Joseph Schumpeter sobre os ciclos econômicos e a capacidade que o sistema capitalista tem de enfrentar crises e se renovar.

Schumpeter concluiu que as inovações do capitalismo ocorrem diante de desafios como, por exemplo, a descoberta de novas matérias-primas ou a alteração da estrutura de mercado vigente. Ele também ensinou que a inovação é um ato realizado por um “empresário empreendedor”.

Passando da teoria à prática, pode-se afirmar, com segurança, que as políticas voltadas para o desenvolvimento industrial precisam ter foco nas pequenas e médias indústrias. A economia do Rio de Janeiro pós-pandemia encontrará sua principal força no empreendedorismo que será levado avante por “empresários empreendedores”.

De forma objetiva, refiro-me ao universo das micro, pequenas e médias empresas. Além de responsáveis por grande parte da geração de emprego e renda no país, elas também se destacam pelo alto grau de inovação tecnológica. Ao fim do drama do coronavírus, caberá aos espíritos empreendedores buscar as saídas para a retomada da economia.

A capacidade de inovação será um fator determinante. Que ninguém subestime a capacidade de adaptação às crises que nossos empresários possuem. Quem está na ponta do mercado conhece suas necessidades e vai supri-las com imaginação e eficiência. Esse deve ser o nosso foco — e também o dos responsáveis pela política econômica.
*Angela Costa é presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ)