Outro absurdo vem dos que calculam que, na proporcionalidade população versus mortes, estamos bem colocados, como se 30 mil mortos em si não bastassem para nossa comoção. E se fosse para pensar assim, estaríamos muito mal, pois a Índia, China, Paquistão e Indonésia, com população maior ou semelhante a nossa, têm muito menos casos registrados.
A pandemia é apartidária, não tem classe social, região, raça ou religião. Todos devem estar unidos em vencer a covid-19, que provoca perdas de vidas, desemprego, colapso de atividades em todo o mundo. Questões como isolamento e medicação fogem ao debate de curiosos. O isolamento é necessário, universal, e não haver ainda remédio reconhecido cientificamente, muito menos vacina, são fatos também que independem da vontade de A, B ou C.
O lamentável é que certa mídia tenta impor raivosamente o Presidente da República como aliado do vírus. O que, aliás tem provocado justas reações de políticos e autoridades em entrevistas na televisão.
Em havendo diálogo, racionalidade, apesar do agravamento em alguns estados, a economia pode ir voltando ao normal, com ordem e prudência. Mas é preciso que seja consensual e ouvidos os setores que acompanham a pandemia entre nós.
Todo mundo quer dar palpite e mandar no processo dramático que o Brasil e o mundo vivem. Mas não será por aí que vamos melhorar as perspectivas para um segundo semestre promissor. O entendimento para ajudar, e muito, seria o Congresso começar aprovando as propostas do ministro Paulo Guedes, que estão lá para serem apreciadas. Vai facilitar a retomada, quando esta for possível. E são importantes as medidas para captar recursos, uma vez que a crise é mundial e todo mundo buscará atrair geração de empregos. Nós temos vantagens singulares, como ambiente oficial favorável aos novos negócios, mercado interno robusto e com espaço para crescer, clima e infraestrutura. Temos contra nós a legislação trabalhista, fiscal e uma assustadora burocracia. Mas precisamos melhorar a qualidade de nossa mão de obra. Temos de resolver tudo isso logo.
A história registra que, na saída das grandes crises, guerras inclusive, quem sabe aproveitar oportunidades fica melhor. Casos do Japão e da Alemanha, arruinados há 75 anos e hoje poderosas economias, socialmente justas e democráticas.
É preciso a consciência de que não existe espaço para a futricaria estéril. Somos 210 milhões e ficou comprovado que a metade sofre muito, diria que no limite.
*Aristóteles Drummond é jornalista