Aristóteles Drummond, colunista do DIA - Divulgação
Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação
Por Aristóteles Drummond*
A programação do presidente nos finais de semana sugere que ele carece de uma assessoria para pautar eventos aos sábados e domingos. Ele anda repetindo visitas a estradas, pousos no entorno da capital e idas a instalações militares, também na região central. Quando não comparecia a repetitivas manifestações, que agora estão escasseando.

Suposto considerar que poderia fazer deslocamentos mais objetivos, ligados as suas funções de chefe do Governo. Por exemplo, visitar as estradas que avançam pelo país, especialmente as na Amazônia, como o trecho recém-inaugurado em Novo Repartimento, no Pará, de 32 km. Conferir a fabricação dos respiradores em Santa Catarina, pela WEG, que é uma empresa nacional de presença mundial, ou aparecer de surpresa com a equipe do Ministério da Saúde e da Controladoria Geral da União a um destes hospitais de campanha, caríssimos, sem uso e sem equipamentos nos estados. A mídia, da qual ele tanto reclama, não teria como não divulgar esta agenda positiva.

Foi noticiado que o Brasil faria uma doação de 50 respiradores ao Paraguai. Bolsonaro poderia ir no avião, levando a doação. Afinal, é pouco o tempo de voo de Brasília a Assunção. Ia, entregava ao presidente de lá e ainda almoçava no Alvorada.

O jogo foi abolido no Brasil por decreto. Ele poderia simplesmente revogá-lo e, assim, poderiam ser reabertos cassinos onde existissem naquela data. O mesmo com os bingos. Seriam mais de cem mil empregos com a Bic presidencial. E o Congresso certamente não iria se desgastar por atrapalhar, nem o Judiciário. Aliás, o Congresso poderia aprovar, pois tem arquivado projeto do então deputado Aloysio Teixeira, do setor do turismo, que simplesmente propunha a revogação do infeliz decreto.

Um pacote de “bondades”, realista e justo poderia isentar de impostos federais, referentes ao presente ano, as livrarias, editoras, cinemas e teatros, e fixar aos bancos oficiais a rolagem da dívida, com juros de 6%, ao ano. Inclusive por muitos não terem mesmo como pagar. E assim atenderia a uma área em que a oposição concentra críticas, sem nenhuma razão, pois cultura deveria independer de gestão pública. Apenas um socorro em situação anormal, como a que vivemos, com prazo determinado.

Criatividade do setor privado que anda faltando ao governo, apesar da boa cabeça da turma da Economia. A presidente da Associação Comercial do Rio, Ângela Costa, por exemplo, que não é líder classista profissional, mas vitoriosa e atuante empresária, coordenou uma renegociação dos empréstimos das empresas industriais, comerciais e até agrícolas do Rio com o Banco do Brasil e foi pessoalmente ao interior do Estado acompanhar os acordos. A ACRJ não recebe verbas oficiais, mas colabora com o país e mostra que a representação classista independe de recursos e dispensa a militância profissional, cartorial. Um exemplo concreto de que vontade política e trabalho de equipe funcionam.

A reunião do Conselho de Estado na semana passado foi impecável. Objetiva, sem palavrões e sem ataques. Como deve de ser. Que prossiga assim.

O presidente eleito, em verdadeira revolução pelo voto, poderia mudar de agenda. Mudaria de imagem para melhor. Não deixaria por isso de ser o homem simples e sensível aos problemas dos brasileiros mais sofridos. Usar mais adjetivos a favor do que contra.
*Aristóteles Drummond é jornalista