Publicado 01/07/2020 03:00
A discussão LGBTQIA+ chegou nas grandes empresas, ainda que haja um longo caminho pela frente. Sou formado em Jornalismo e percorri uma trajetória profissional passando por redações e agências de comunicação corporativa, espaços comumente dominados por mulheres e mais abertos à diversidade. Em 2018, dez anos depois de formado, ingressei na indústria de óleo e gás. Inicialmente, essa mudança gerou ansiedade. Sensação que qualquer gay, como eu, teria, por mais experiente e seguro que fosse: a de que meu trabalho nessa indústria, tradicionalmente conservadora, fosse julgado devido minha orientação sexual. Dois anos depois, o ambiente, que previ ser árido, me acolheu.
A Ocyan, empresa que trabalho, desenvolveu um programa de Diversidade e Inclusão com dois focos – PCD e equidade de gênero, mas o público LGBTQIA+ é tratado por ser considerado mais vulnerável. Tive uma surpresa positiva quando a Ocyan optou por enfrentar o desafio de prover uma sensação de pertencimento dos integrantes gays não somente àquele negócio, mas àquele ambiente. Estimular a convivência entre pessoas diferentes traz crescimento porque estimula a liberdade dos indivíduos, refletindo no desempenho das equipes. Grupos livres são mais leves e criativos. Ninguém precisa desperdiçar energia escondendo quem realmente é.
Se de um lado celebro os avanços da Ocyan e do setor em diversidade, do outro me pergunto que privilégios eu tive para conseguir quebrar essa bolha e chegar onde estou. A população gay das grandes empresas ainda é normativa: branca, classe média, bilíngue e pós-graduada. Ainda segue um padrão elitizado em que precisa mudar sua personalidade e trejeitos para se enquadrar em certos ambientes. Tenho orgulho da minha história, mas não esquivo de falar dos gays ditos como afeminados ou daqueles que são negros, pobres e/ou sem acesso à educação de qualidade. Esses são a minoria da minoria e as oportunidades são mais raras. O mesmo vale para lésbicas e, principalmente, os transexuais, ainda tão tristemente invisíveis.
Apesar dessa exclusão histórica, houve conquistas sociais. Em 2019, o STF determinou que crimes de LGBTfobia fossem equiparados aos de racismo e o mesmo Poder derrubou a proibição de doação de sangue de homens que tiveram relações sexuais com outros homens nos últimos 12 meses.
Vejo colegas gays que se conheceram na empresa e namoram abertamente; mães lésbicas solicitando licença parental para apoiar suas esposas no pós-parto ou pessoas que se sentem agora seguras para dizer quem são. Essas experiências são motivo de comemoração e indicadores de que a segurança psicológica corporativa começa de fato a ser percebida. O colaborador foca agora suas energias no trabalho e não em como dizer bom dia ao chegar na empresa.
É fundamental entendermos as implicações da homofobia na vida das pessoas que se identificam como LGBTQIA+. Devemos estar sempre atentos para combater qualquer preconceito. Nessa luta ainda temos um longo caminho pela frente.
A Ocyan, empresa que trabalho, desenvolveu um programa de Diversidade e Inclusão com dois focos – PCD e equidade de gênero, mas o público LGBTQIA+ é tratado por ser considerado mais vulnerável. Tive uma surpresa positiva quando a Ocyan optou por enfrentar o desafio de prover uma sensação de pertencimento dos integrantes gays não somente àquele negócio, mas àquele ambiente. Estimular a convivência entre pessoas diferentes traz crescimento porque estimula a liberdade dos indivíduos, refletindo no desempenho das equipes. Grupos livres são mais leves e criativos. Ninguém precisa desperdiçar energia escondendo quem realmente é.
Se de um lado celebro os avanços da Ocyan e do setor em diversidade, do outro me pergunto que privilégios eu tive para conseguir quebrar essa bolha e chegar onde estou. A população gay das grandes empresas ainda é normativa: branca, classe média, bilíngue e pós-graduada. Ainda segue um padrão elitizado em que precisa mudar sua personalidade e trejeitos para se enquadrar em certos ambientes. Tenho orgulho da minha história, mas não esquivo de falar dos gays ditos como afeminados ou daqueles que são negros, pobres e/ou sem acesso à educação de qualidade. Esses são a minoria da minoria e as oportunidades são mais raras. O mesmo vale para lésbicas e, principalmente, os transexuais, ainda tão tristemente invisíveis.
Apesar dessa exclusão histórica, houve conquistas sociais. Em 2019, o STF determinou que crimes de LGBTfobia fossem equiparados aos de racismo e o mesmo Poder derrubou a proibição de doação de sangue de homens que tiveram relações sexuais com outros homens nos últimos 12 meses.
Vejo colegas gays que se conheceram na empresa e namoram abertamente; mães lésbicas solicitando licença parental para apoiar suas esposas no pós-parto ou pessoas que se sentem agora seguras para dizer quem são. Essas experiências são motivo de comemoração e indicadores de que a segurança psicológica corporativa começa de fato a ser percebida. O colaborador foca agora suas energias no trabalho e não em como dizer bom dia ao chegar na empresa.
É fundamental entendermos as implicações da homofobia na vida das pessoas que se identificam como LGBTQIA+. Devemos estar sempre atentos para combater qualquer preconceito. Nessa luta ainda temos um longo caminho pela frente.
*André Luiz Barros é gerente de Comunicação Corporativa da Ocyan
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