Iara Nagle - Divulgação
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Por Iara Nagle*
Cenário agravado com a pandemia da Covid-19. É sabido que esta crise sanitária e financeira mudará a vida das pessoas no mundo. Porém, as perspectivas para o pós-pandemia não são animadoras para as mulheres, e todos os problemas já conhecidos serão potencializados pela quebra da economia mundial e aumento dos índices de desemprego. Mesmo quando se comprova que os dirigentes mulheres internacionais destacaram-se no enfrentamento desta crise pandêmica: Islândia, Nova Zelândia, Alemanha, Taiwan, Singapura, Noruega, Finlândia, Dinamarca e Bélgica. Embora vivendo em realidades diferentes, a pandemia está mostrando que as mulheres estão criando uma nova forma de fazer política, diferente dos homens, tão viris, mas que não sabem cuidar das pessoas. As mulheres foram criadas para cuidar, assim, exercem na política a atitude do cuidado. Entretanto, na política, as mulheres são apenas 10 dos 153 chefes de Estado eleitos em 2018, de acordo com a União Interparlamentar. Somente um quarto dos membros dos parlamentos do mundo são mulheres.

As engenheiras continuam superando todos os obstáculos, desde a formação profissional, passando pelo estágio, pela experiência nos canteiros de obras, onde a maioria é de homens, e até hoje, no Século 21, num mercado de trabalho que ainda restringe oportunidades para as mulheres. Prova disso é que, no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro, são 25.000 mulheres registradas, em um universo de 130.000 profissionais. Embora o CREA-RJ seja o pioneiro no Brasil, fundado em 1934, em toda a sua história nunca teve uma presidente mulher.

Mas de que forma a pandemia vai afetar ainda mais a vida das mulheres? Pesquisas mundiais vêm mostrando como as mulheres muito têm sofrido durante a pandemia e revelam que o alto índice de violência contra elas, não para de crescer. As mulheres profissionalizadas estão sofrendo mais que os homens profissionalizados.A velha divisão social do trabalho, ou seja, o acúmulo dos cuidados com a casa e os filhos, onde as mulheres é que dão mais, permanece na pandemia.

A pandemia escancarou a desigualdade de gênero no Brasil. As mulheres de baixa renda são as maiores vítimas. Existem mulheres que vivem em casas e outras, em lares. Na ideia de casa, noção de moradia, que é o lugar onde se repousa durante a noite e que a vida social é feita fora dela. E o lar é a visão romântica construída a partir do final do Século 18, uma ideia burguesa, formada por famílias felizes, como nos comerciais de margarina, mas não é uma realidade para todas.

As mulheres estarão assumindo um protagonismo muito grande, nos tempos pós pandemia. A sororidade que nos é necessária, nos faz imprimir o “dar as mãos”. Quem se elevar deve alçar ao alto aquela que precisa. Ninguém solta a mão de ninguém.

*Iara Nagle é engenheira Civil, presidente licenciada da ABEA (Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas) e membro vitalício do Conselho Diretor do Clube de Engenharia