André Ceciliano - Divulgação
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Por André Ceciliano*
Gratidão é um sentimento que, na sua essência, expressa um profundo reconhecimento. E é essa a sensação que neste momento invade o coração da maioria dos rubro-negros ante o anúncio do adeus do técnico Jorge Jesus, que deixa o Flamengo para retornar a Portugal, sua terra natal. Ao longo dos 13 meses em que o Mister esteve à frente do time, o clube e seus milhões de torcedores – dos quais faço parte com orgulho - viveram momentos mágicos e de grandes conquistas. Há muito não se via no mundo do futebol um trabalho tão bem-sucedido como o de Jesus no comando de craques como Gabigol, Bruno Henrique, Arrascaeta, Rafinha, Everton Ribeiro, Gerson...

Foi como viver um sonho na vida real. Tudo deu certo. Não por acaso Jesus parte na sua caravela além mar como um redescobridor do verdadeiro futebol brasileiro. Com seu conhecimento, talento e estilo próprio, que cativou a todos – inclusive os não rubro-negros -, o Mister quase alcançou o olimpo do esporte. Ganhou a Copa Libertadores da América, o Campeonato Brasileiro, a Supercopa do Brasil, a Recopa Sul-Americana e o Campeonato Carioca, com a inquestionável marca de 81,6% de aproveitamento (a melhor performance de um técnico desde 2003). Faltou só o Mundial de Clubes, mas essa conquista, quem sabe, não fica para um futuro breve num já sonhado regresso dele ao Flamengo.

Jesus operou milagre e guindou o time da Gávea, de fato, a um outro patamar, como amplamente comentado por todos. Jogador ser ídolo da torcida é algo natural, mas treinador cair nas graças dos adeptos (como são chamados os torcedores pelos patrícios) é algo raro e dá a exata dimensão da revolução proporcionada pelo Mister em terras brasileiras. A nação rubro-negra que o diga; as vitórias, algumas delas épicas (como a da Libertadores, após 38 anos), estão bem vivas na memória.

Na Alerj, tivemos a honra de homenagear Jorge Jesus com a Medalha Tiradentes, num reconhecimento por tudo que fez não apenas pelo Flamengo, mas para o desporto brasileiro. Ele representou o resgate do mítico futebol arte e desencadeou uma importante discussão, entre os treinadores do país, sobre a necessidade de se rever conceitos táticos e técnicos na armação de uma equipe. Afinal, o time de Jesus se transformara em referência nacional e na América do Sul.

O Mister, definitivamente, entrou para a história do Flamengo. Foi um tsunami de conquistas, vitórias e alegrias. A era Jesus, a exemplo da de Zico, está marcada para sempre. Por isso, não digo um adeus, mas sim um até logo, Jesus. Obrigado por tudo!
*André Ceciliano (PT) é presidente da Alerj