Em 1763, o Rio se tornou a capital do país e se manteve até 1960, quando foi inaugurada Brasília. Foi neste momento que o Rio começou, gradativamente a “se perder”. A transferência da capital para o planalto central já estava prevista na Constituição de 1891. Coube a Juscelino Kubitschek a tornar o sonho em realidade, utilizando-o como propaganda nacionalista e modernista que exaltaram seu governo.
A partir daí, a cidade maravilhosa, com todo o glamour dos anos 50 e 60, somado a incomparável beleza natural, com trânsito ordenado e eficiente, transporte urbano marcado pelos bondes e ônibus elétricos, ruas limpas e seguras, foi pouco a pouco se dilacerando.
Perdeu o compasso do crescimento. A capital mundial do carnaval atravessou o samba. A segurança Pública que se limitava aos raros batedores de carteira deu lugar a facções criminosas e, mais recentemente, milícias. A educação com ensino de excelência do básico ao superior, reconhecido inclusive no exterior, deu lugar a um sucateado sistema ineficaz.
O turismo que atraía as maiores celebridades mundiais em qualquer época do ano, proporcionando diversão organizada e segura, hoje é visto de forma temerosa devido a tantas tragédias com turistas em solo carioca e fluminense.
Na área da saúde haviam centros de excelência que hoje, os poucos que restaram, agonizam junto com todas as outras unidades que sobrevivem sem investimentos.
As poucas favelas que foram praticamente erradicadas entre 1960 e 1965 foram se multiplicando sob o olhar populista que chegou junto com a democracia. Tivemos sucessivos governos equivocados, pensando única e exclusivamente em votos e fazendo vista grossa para as comunidades carentes sem serviços sociais básicos.
E o resultado está aí. O Estado está falido e sem qualquer horizonte. E nem podemos dizer que chegamos ao fundo do poço, pois pode ser que ainda sejamos surpreendidos. Infelizmente, o Rio ficou pra trás.
*Alan Pereira é jornalista e empresário