Hugo Leal - Reprodução/Facebook
Hugo LealReprodução/Facebook
Por Hugo Leal*
Os números realmente são trágicos: em 2019, o Brasil registrou 30.371 mortes no trânsito, de acordo com o DataSUS. Ainda assim, neste 25 de setembro, Dia Nacional do Trânsito, também é preciso reconhecer que nosso país tem feito avanços sistemáticos para reduzir esse drama. Em 2011, no começo da Década de Ação pela Segurança Viária, estabelecida pela ONU com a meta de reduzir pela metade o número de mortes, o Brasil registrou 43.256 vítimas fatais dessa outra pandemia; o dado de 2019 - ainda tragicamente acima de 30 mil - significa, entretanto, uma redução de 30% no número de óbitos, uma notícia que alimenta a esperança de um trânsito seguro no futuro.

Essa queda precisa ser intensificada e, para isso, precisamos multiplicar os exemplos de sucesso responsáveis pela redução do número de mortes. Iniciada no Rio de Janeiro, a Operação Lei Seca, trabalho integrado reunindo vários órgãos, inspirou ações de fiscalização semelhantes em mais de 20 estados. Essas operações, embora com foco no consumo de álcool ao volante, também serviram para reduzir outras infrações. A Polícia Rodoviária Federal - com operações focadas na redução da velocidade e também no consumo de álcool e outras drogas - também conseguiu significativa redução no número de mortes nas rodovias, principalmente depois da exigência de exame toxicológico para motoristas profissionais.

Houve queda acentuada também na maioria das capitais onde foi implementado o Programa Vida no Trânsito, do Ministério da Saúde em parceria com governos estaduais e municipais. Lançado em 2010, em cinco capitais, e expandido em 2014 para as outras, o programa foca exatamente em fatores de risco - excesso de velocidade, uso do celular, uso de bebida alcoólica, falta de equipamentos de proteção - nos grupos de vítimas mais vulneráveis como pedestres, ciclistas e motociclistas. Em capitais como Rio, São Paulo, Aracajú, Fortaleza Recife e Rio Branco, o número de mortes caiu acima da metade.

A interiorização dos acidentes de trânsito, o aumento do número de mortes de motociclistas e o próprio número absoluto de vítimas fatais - 30 mil é inadmissível! - mostram que o caminho é longo. E não só no Brasil: a própria ONU decidiu lançar uma Segunda Década de Ação pela Segurança Viária, já que o número de mortes anuais segue acima de 1 milhão. Aqui, em nosso país, também devemos ficar alertas: o número de mortes nas rodovias federais no Carnaval 2020 subiu 8% em relação a 2019; no recente Feriado de Sete de Setembro, o registro de óbitos pela PRF ficou em 93, 15% acima de 2018, quando o feriadão também teve três dias. A maioria das ocorrências é causada por falha humana: o excesso de velocidade, o uso de celular e o consumo de bebidas alcoólicas. Todas as ações de fiscalização são fundamentais, mas, só aliadas à iniciativas de conscientização, podem fazer esse número trágico realmente desabar.
*Hugo Leal é deputado federal (PSD/RJ) e autor da Lei Seca