A tarefa de oferecer algum conforto, ao mesmo tempo gratificante e árdua, me faz refletir sobre o risco constante a que todos os agentes de segurança – e não apenas os policiais militares – estão submetidos em um estado violento como o nosso. É inadmissível que esses profissionais ainda precisem, em alguns casos, ter cuidado com uniformes, identidades funcionais e demais objetos de trabalho, em uma tentativa de esconder o que fazem para que eles e suas famílias não sejam alvos de bandidos. Deveria ser motivo de orgulho e admiração, mas a inversão de valores é tamanha que
virou sinônimo de medo.
Um dos pontos que mais defendo é o apoio que a sociedade deve dar às forças de segurança, pois a defesa da população nada mais é do que a razão de existir da polícia. Esse suporte passa, obviamente, pelo estado, que precisa ter a preocupação de melhorar sempre as condições de trabalho e, por consequência, de proteção dos policiais. Isso sem falar na rede de assistência aos que sobrevivem a um confronto mas ficam com sequelas físicas ou psicológicas. Mas o cidadão também deve fazer a sua parte, colaborando, sempre que possível, para que a polícia faça um bom trabalho, inclusive denunciando agentes que desrespeitam a lei.
Por mais difíceis que sejam as condições, precisamos honrar a farda – e, no meu caso, também a batina – que vestimos e cumprir o nosso papel. Costumo dizer que, enquanto um PM estiver de pé, não vamos deixar de defender a sociedade. A ela cabe torcer e contribuir para que tenhamos uma segurança pública cada vez melhor. Somente assim este Capelão terá um pouco menos de trabalho. Amém.
*Enoque Rafael é Major e Capelão Veterano da Polícia Militar do Rio de Janeiro