Linda Rojas - Divulgação
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Por Linda Rojas*
Quando penso no futuro da medicina, além de acreditar nos avanços em tecnologia, inteligência artificial e medicina preventiva, vejo também uma figura central, que estará em foco e que permeia todo esse progresso: o paciente. Eu, Linda Rojas, me tornei paciente em 2012, quando fui diagnosticada com câncer de mama e tive que enfrentar o maior desafio da minha vida. Aos 24 anos, ainda esperava viver muito, por
isso fiz questão de saber tudo sobre o tumor e os próximos passos, afinal eu era a maior
interessada em ficar boa.

Estamos numa geração de transição, na qual aprendemos numa velocidade nunca antes vista o acesso à informação e o compartilhamento em rede que nos dá a possibilidade de sermos mais participativos e dar a nossa opinião nos mais diversos assuntos, trazendo um senso de responsabilidade muito maior.

Tudo isso se aplica também na área da Saúde e vejo o quanto estamos nos transformando em pacientes empoderados. Antes éramos ouvintes, personagens passivos dentro de um consultório ou fora dele, que apenas seguiam um protocolo de prescrições sem ao menos entender a fundo para que tudo aquilo servia.

Em todos estes anos tive contato com os mais diversos médicos e profissionais da saúde, uns mais sérios e outros mais extrovertidos, por isso procurei me comunicar cada vez mais e melhor. Falava e descrevia os meus efeitos colaterais, sintomas e reações detalhadamente. Sabia que isso facilitaria meu tratamento e o trabalho dos que cuidavam de mim.

Seguia tudo o que me era orientado, mas também questionava alternativas, pedia explicações mais profundas e o uso de palavras mais simples para facilitar minha compreensão. Isso me ajudou não só a entender melhor o “plano de ataque”, mas também a perceber que eu era a peça-chave dele. Então, vesti minha capa de super paciente e foi assim que me tornei protagonista da minha saúde.

Continuei com esse comportamento mesmo depois do câncer e hoje sei o quanto foi fundamental, pois em julho de 2017 apalpei um novo nódulo na mesma mama. Fazia sempre exames de rotina, e aliado a isso sabia a importância do autoconhecimento, fatores essenciais para um diagnóstico precoce. Sim, a doença tinha voltado.

Lembro de ir decidida ao consultório do meu médico, Doutor Augusto, e sem medo abri o meu coração: “Doutor, quero retirar os dois seios”. Jamais vou esquecer sua reposta. Ele abriu um sorriso e disse: “seria o que eu recomendaria se você fosse minha filha”. 

Quando acabei o tratamento me senti fazendo parte dessa vitória, essa conquista impactou todas as outras áreas da minha vida e me fez valorizar ainda mais o autocuidado e entender que ele é intransferível.

Hoje trato de propagar essa mensagem com o projeto Uma Linda Janela, no qual me tornei ativista da causa do combate ao câncer e quero tornar cada vez mais fácil a jornada de outros pacientes.

Cuidem de si, confiem nos médicos e na medicina e não esqueçam de serem os protagonistas da sua saúde, pois a vez do paciente é agora!
*Linda Rojas é influenciadora digital no combate ao câncer de mama