Publicado 22/10/2020 03:00
Além dos óbitos, dos impactos ainda não dimensionados das sequelas do Covid-19 sobre o SUS dos efeitos desastrosos na economia, a pandemia do coronavírus fará outras vítimas silenciosas no Brasil: nossas crianças e jovens que estão tempo demais fora das escolas.
Somos, em todo o mundo, o país que manteve por mais tempo os estudantes sem aulas. Os gestores não se prepararam para a reabertura e, em todo o Brasil, vimos a Justiça interferir nas decisões tomadas pelos poderes executivos neste sentido. Essa inação e interferência cobrarão um preço muito alto no futuro dessas gerações.
Em audiência pública realizada pela Comissão Externa do Coronavírus da Câmara dos Deputados, a qual presido, convidamos autoridades de vários países para compreender como eles lidaram com essa situação. Foi debatida, ainda, pesquisa realizada pela ONG Vozes da Educação com 20 países que haviam retomado as aulas até o mês de agosto.
O estudo mostrou que entre as nações que tiveram melhor desempenho, ou seja, baixo índice de contaminação após a reabertura das escolas (Alemanha, China, Dinamarca, França, Nova Zelândia, Portugal e Singapura), foram preponderantes os seguintes fatores: 1) reabertura em fases, quando a curva de casos estava estabilizada ou decrescente (caso do Rio de Janeiro); 2) comunicação clara e transparente do governo sobre cada passo da reabertura; 3) adoção de políticas específicas para profissionais pertencentes aos grupos de risco e 4) implementação de medidas sanitárias consistentes e alinhadas com as especificidades dos países e das escolas.
Temos sorte porque a doença começou no Hemisfério Norte e, assim, podemos nos guiar pelas experiências exitosas do mundo. Nosso azar é a incapacidade de nossas autoridades enxergarem isso. Estamos vendo nossas crianças e jovens em shoppings, nos cinemas e mercados, brincando nas ruas, lotando parques, praias e playgrounds, mas impedidas de voltarem às escolas, que são ambientes muito mais controláveis.
O prejuízo no futuro é inimaginável. Presente na audiência da Comissão, a representante da UNICIF no Brasil, Florence Bauer, lembrou que as escolas não são apenas centros de educação: elas colaboram também com a nutrição, a proteção e a saúde mental dos alunos e o impacto negativo de um ano sem aulas é incalculável.
A ideia do Conselho Nacional de Educação, de aprovar todos os alunos em 2020 para evitar evasão escolar é louvável, mas é preciso lembrar que, em 2021, será preciso fazer a reposição do conteúdo perdido. Ou seja, serão dois anos em um. No caso das crianças em fase de alfabetização, impossível, assim como aqueles que estão em ano de vestibular. Pais de alunos na rede pública estão apreensivos, com razão. Mas essa parece não ser uma preocupação da nação como um todo. É hora de União, estados e municípios se entenderem e darem respostas para esse importante tema – mesmo que já seja tarde demais para isso.
Somos, em todo o mundo, o país que manteve por mais tempo os estudantes sem aulas. Os gestores não se prepararam para a reabertura e, em todo o Brasil, vimos a Justiça interferir nas decisões tomadas pelos poderes executivos neste sentido. Essa inação e interferência cobrarão um preço muito alto no futuro dessas gerações.
Em audiência pública realizada pela Comissão Externa do Coronavírus da Câmara dos Deputados, a qual presido, convidamos autoridades de vários países para compreender como eles lidaram com essa situação. Foi debatida, ainda, pesquisa realizada pela ONG Vozes da Educação com 20 países que haviam retomado as aulas até o mês de agosto.
O estudo mostrou que entre as nações que tiveram melhor desempenho, ou seja, baixo índice de contaminação após a reabertura das escolas (Alemanha, China, Dinamarca, França, Nova Zelândia, Portugal e Singapura), foram preponderantes os seguintes fatores: 1) reabertura em fases, quando a curva de casos estava estabilizada ou decrescente (caso do Rio de Janeiro); 2) comunicação clara e transparente do governo sobre cada passo da reabertura; 3) adoção de políticas específicas para profissionais pertencentes aos grupos de risco e 4) implementação de medidas sanitárias consistentes e alinhadas com as especificidades dos países e das escolas.
Temos sorte porque a doença começou no Hemisfério Norte e, assim, podemos nos guiar pelas experiências exitosas do mundo. Nosso azar é a incapacidade de nossas autoridades enxergarem isso. Estamos vendo nossas crianças e jovens em shoppings, nos cinemas e mercados, brincando nas ruas, lotando parques, praias e playgrounds, mas impedidas de voltarem às escolas, que são ambientes muito mais controláveis.
O prejuízo no futuro é inimaginável. Presente na audiência da Comissão, a representante da UNICIF no Brasil, Florence Bauer, lembrou que as escolas não são apenas centros de educação: elas colaboram também com a nutrição, a proteção e a saúde mental dos alunos e o impacto negativo de um ano sem aulas é incalculável.
A ideia do Conselho Nacional de Educação, de aprovar todos os alunos em 2020 para evitar evasão escolar é louvável, mas é preciso lembrar que, em 2021, será preciso fazer a reposição do conteúdo perdido. Ou seja, serão dois anos em um. No caso das crianças em fase de alfabetização, impossível, assim como aqueles que estão em ano de vestibular. Pais de alunos na rede pública estão apreensivos, com razão. Mas essa parece não ser uma preocupação da nação como um todo. É hora de União, estados e municípios se entenderem e darem respostas para esse importante tema – mesmo que já seja tarde demais para isso.
*Dr. Luizinho é deputado federal (PP-RJ) e presidente da Comissão Externa do Coronavírus na Câmara
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