Júlia Eugênia Gonçalves opinião odia - divulgação
Júlia Eugênia Gonçalves opinião odiadivulgação
Por Júlia Eugênia Gonçalves*
O que é ser idoso? Pela lei, é ter mais de 60 anos de idade. Pela definição, eu sou idosa. Estava dirigindo pela cidade, em dúvida a respeito do caminho a tomar e um carro que vinha atrás me ultrapassou e disse:” Está passeando, velha “? Isso demonstra o preconceito que existe com os idosos, considerados os que já não se enquadram no perfil de agilidade dos tempos atuais.
Eu estava em dúvida, como qualquer pessoa ficaria, mas ao ver minha aparência física, sem saber que sou uma mulher ativa, ficou claro como a imagem corporal interfere no julgamento moral.

Velho é tudo aquilo que não tem serventia, que é descartável. As pessoas podem ser assim consideradas? Penso que não! A população brasileira, segundo o Censo 2010, tem mais de três milhões de idosos acima de 70 anos e há uma estimativa de uma população com mais idosos do que jovens para 2060. Sendo assim, é preciso mudar o olhar para esta fase da vida.

O que contribuiu para o aumento da população idosa foi o desenvolvimento científico e tecnológico, as condições socioeconômicas e culturais, as medidas sanitárias, as políticas públicas de Saúde, que colaboraram para a melhoria da qualidade e o aumento da expectativa de vida. Com isso, um número cada vez maior de pessoas passa a sobreviver até 70, 80, 90 anos.

Disso decorre a importância de manter atividade física e mental como condição de saúde nesta perspectiva de longevidade, pois existe diferença entre senescência e senilidade. No primeiro caso, o processo acontece sem deterioração da mente; no segundo, instalam-se demências que afetam a produtividade e vida social do
indivíduo, pois são acompanhadas por perda de memória, a pessoa já apresenta mais vulnerabilidade física e maior risco de comprometimento da autonomia.

No momento atual, em meio a uma pandemia, os idosos são grupo de risco em função do decréscimo das funções físicas. Já se constatou que estas pessoas têm, naturalmente, um sistema imunológico mais frágil. Por isso, os cuidados devem ser redobrados.

Idosos ou antigos? As gerações se sucedem no tempo e, por isso, falamos daquelas que são antigas e das que são mais novas. O que é antigo não tem preço, mas tem valor agregado. Este valor se relaciona com o que se permitiu fazer, acontecer, realizar. Reportar-se ao passado num presente que ainda tem garantia de futuro.
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*É autora do livro “Psicopedagogia para adultos e idosos”