Publicado 08/12/2020 06:00
Mil dias. Para além de exigirmos respostas a esta execução, sabermos os mandantes, é preciso aprofundar alguns debates em diversos campos, a partir dessa morte. A primeira eleição municipal após a execução de Marielle Franco se deu sem repercussão institucional integrada entre poderes, em quaisquer esferas, mesmo após a grande reverberação internacional do caso.
Nem o campo político e tampouco o campo jurídico orquestraram respostas dentro de suas competências, para além de ações individuais que partiram de parlamentares negras, destacando aqui a consulta ao TSE sobre a proporcionalidade de negros e negras ao fundo eleitoral de autoria da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) e o PL 5.295/2020, que trata do enfrentamento à violência política contra mulheres, de autoria da deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ).
Para além disso, pouquíssimo debate sobre o enfrentamento às milícias organizadas, diretamente envolvidas na execução da parlamentar, destacando por exemplo o uso de inteligência policial e o controle de armamento nacional.
Não há debate público sobre a proteção das futuras parlamentares mulheres no Rio de Janeiro e no Brasil. Das quase nove mil vereadoras eleitas nacionalmente, apenas 6,3% são mulheres negras e essas mulheres não tem nenhum recurso de acompanhamento de suas trajetórias, suporte institucional para garantir sua integridade física e mental. Ou seja: o Brasil ainda finge normalidade mesmo depois de ter presenciado um dos crimes políticos mais bárbaros do mundo.
A icônica frase de Marielle "Não serei interrompida", ecoa ainda em meio ao cenário de incerteza e preocupação, pois interromper corpos negros e cerca-los de múltiplas violências é um modo operante da sociedade brasileira, tendo em vista os casos bárbaros de João Alberto e mais recentemente das meninas Emily e Rebeca.
O papel de uma parlamentar de origem popular, negra, mãe, bissexual que se torna a quarta vereadora negra da história carioca com a mesma idade que Marielle vai resultar, sem dúvida, em reverberar e multiplicar legado, propor uma legislatura perto das grandes maiorias subrepresentadas, permanecer viva e gritar…
Quem mandou matar Marielle Franco?
Nem o campo político e tampouco o campo jurídico orquestraram respostas dentro de suas competências, para além de ações individuais que partiram de parlamentares negras, destacando aqui a consulta ao TSE sobre a proporcionalidade de negros e negras ao fundo eleitoral de autoria da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) e o PL 5.295/2020, que trata do enfrentamento à violência política contra mulheres, de autoria da deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ).
Para além disso, pouquíssimo debate sobre o enfrentamento às milícias organizadas, diretamente envolvidas na execução da parlamentar, destacando por exemplo o uso de inteligência policial e o controle de armamento nacional.
Não há debate público sobre a proteção das futuras parlamentares mulheres no Rio de Janeiro e no Brasil. Das quase nove mil vereadoras eleitas nacionalmente, apenas 6,3% são mulheres negras e essas mulheres não tem nenhum recurso de acompanhamento de suas trajetórias, suporte institucional para garantir sua integridade física e mental. Ou seja: o Brasil ainda finge normalidade mesmo depois de ter presenciado um dos crimes políticos mais bárbaros do mundo.
A icônica frase de Marielle "Não serei interrompida", ecoa ainda em meio ao cenário de incerteza e preocupação, pois interromper corpos negros e cerca-los de múltiplas violências é um modo operante da sociedade brasileira, tendo em vista os casos bárbaros de João Alberto e mais recentemente das meninas Emily e Rebeca.
O papel de uma parlamentar de origem popular, negra, mãe, bissexual que se torna a quarta vereadora negra da história carioca com a mesma idade que Marielle vai resultar, sem dúvida, em reverberar e multiplicar legado, propor uma legislatura perto das grandes maiorias subrepresentadas, permanecer viva e gritar…
Quem mandou matar Marielle Franco?
*É vereadora eleita pelo PT
Leia mais
Comentários