Publicado 06/03/2021 04:00
Quando em 2018 o Supremo Tribunal Federal (STF) proferiu uma decisão liminar autorizando todas as guardas municipais do Brasil a portarem armas, houve forte reação na mídia – por parte, como sempre, de “pacifistas”. A princípio, como médico neurocirurgião, a ideia de um mundo inteiramente livre de armas de fogo é uma bela utopia e que realmente me sensibiliza. Mas este é o mundo “ideal” – ou seja, o que não existe. No mundo sensível, os lobos têm armas, as ovelhas não são treinadas para tal e os pastores estão sempre sob ameaça.
No mundo verdadeiro, aqui fora, na realidade, eu já cuidei de diversos policiais atingidos por projéteis de armas de fogo – em parcerias que criei com o Hospital da PMERJ. E vi de perto o sofrimento de suas famílias. À época dessa liminar, li um sociólogo dizendo que “se dessem armas para a guarda, esta seria uma míni-polícia”.
E mais: “os guardas, com armas, se tornam alvos dos bandidos, muitos policiais são mortos na folga por serem reconhecidos por suas armas (o grifo é meu)”.
Ora, antes de rebater com o argumento óbvio – o de que nem por isso ninguém cogita tirar as armas dos policiais de folga - deixo a reflexão: será que os guardas municipais já não são alvos de bandidos? Será que se o guarda Mauro Bessim, assassinado covardemente por assaltantes no dia 23 passado, estivesse armado, teria chance de sobreviver e poderia estar com sua família neste momento?
É importante lembrar que hoje, em março de 2021, das 23 capitais que contam com guardas municipais, 19 permitem que seus integrantes portem armas. Somente Rio, Recife, Manaus e Macapá ainda não aprovaram o uso. Em nenhuma delas se observou qualquer hecatombe ou abuso. Pelo contrário: as guardas seguiram sendo empregadas na defesa do patrimônio só que com a capacidade de se defenderem das ameaças.
Os “pastores” continuaram “protegendo as ovelhas” só que devidamente dotadas de recursos para a própria defesa. A caça aos lobos continua a cargo das briosas polícias militares, treinadas e dotadas de competência para tal.
E no Rio? Nós vamos continuar poupando o lobo e sacrificando tanto ovelhas quanto pastores?
É vereador do Rio de Janeiro pelo PSL e neurocirurgião
É vereador do Rio de Janeiro pelo PSL e neurocirurgião
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