Alan Pereira
Alan Pereira Divulgação
Por Alan Pereira*
O negacionismo é a marca registrada do Brasil diante da pandemia da covid-19. À margem de qualquer ideologia, polarização e considerando somente os fatos, não podemos ficar alheios a essa realidade que continua a imperar. Agora, pelo conjunto da ópera, o presidente deveria ficar no fim da fila para receber as doses da vacina, como um capitão que é o último a deixar o navio naufragando.
Desde o começo da pandemia foram muitas as “pérolas” que ouvimos, a começar pela “gripezinha”. Escutamos também que o Brasil precisa “deixar de ser um país de maricas”. E ainda..."todo mundo vai morrer e tentar conter o espalhamento do vírus não parece ser um motivo forte o suficiente para fechar a atividade econômica”, contrariando medidas adotadas no mundo inteiro.
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Mais adiante, atônitos com o desconhecimento da doença que avançava, fomos surpreendidos com um "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre". Mais adiante emendou “vamos todos morrer um dia”, desrespeitando milhares de vítimas.
Passado um ano e com mais de 325 mil mortes, as críticas às medidas restritivas persistem, estimulando a população a ficar contra governadores e prefeitos que tentam minimizar a propagação do vírus. Isentando-se de qualquer responsabilidade, esquece que a liderança maior de preservar vidas e conduzir o combate à pandemia deveria partir de cima.
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Com atitudes que em nada ajudaram, o governo federal cancelou acordo para a compra da CoronaVac, da qual foi chamada de “vachina”, tendo a sua eficácia colocada em dúvida. Também foi negada a compra da Pfizer em agosto de 2020, o que poderia ter adiantado o início da imunização.
Ao longo de todo este período, perdemos dois ministros da Saúde com perfil técnico para “contarmos” com um que admitia que “um manda e o outro obedece”, num dos maiores discursos constrangedores da História desse país. Sem contar a inércia nas relações exteriores, manchando a imagem do Brasil.
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Enfim, há muitos outros ingredientes que corroboraram para chegarmos ao colapso da Saúde. A falta de planejamento, inteligência e humanidade fizeram com que chegássemos, hoje, a sermos o epicentro da doença no mundo. Por essas e tantas outras, não seria injusto que todo o governo ficasse no final da fila da vacinação, fechando com o capitão do navio (no nosso caso desgovernado). Até porque, se for o caso, ele será o último a virar jacaré, conforme também cogitou.

É jornalista e empresário