Aristóteles Drummond, colunista do DIA
Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação
Por Aristóteles Drummond*
Estamos assistindo a uma mudança global no reconhecimento até então consagrado das características positivas dos governantes, políticos em geral, grandes empresários e grandes empresas. A sociedade sempre premiou a experiência, o carisma e a facilidade de comunicação com o público-alvo – bem-vista também pelos eleitores, acionistas e colaboradores.     
Este comando, amparado numa alta assessoria técnica e formado nos melhores centros acadêmicos, vinha dando certo. As empresas queriam se fazer benquistas pelos seus funcionários e clientes, e os governantes atender às prioridades de seu público. Mas, no Brasil recente, temos visto mandatários de trato difícil, mesmo entre sua equipe mais próxima, numa tendência de sentido autoritário, não necessariamente institucional, mas pessoal.
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O bom dialogo nunca deixará de ter o seu valor, sem afetações e sem mensagens eletrônicas. É o contato pessoal que faz a diferença. E não a frieza dos números, das regras e das mensagens eletrônicas.

Não se pode negar o caso do presidente Bolsonaro, que troca de ministros com grande facilidade, além dos presidentes das três maiores estatais, que embora tenham passado a dar lucros e não apresentarem casos de desvios, deixaram de agradá-lo. Banco do Brasil, Petrobras e Eletrobrás, e os desfalques na equipe que o ministro Paulo Guedes recrutou entre notáveis empresários, executivos, que aceitaram o desafio de colocar o Brasil na modernidade, melhorando o ambiente para atração de investidores e a qualidade do funcionalismo.
As dificuldades no relacionamento do Planalto com os demais poderes, além da pandemia, levaram os melhores destes valores ao desligamento voluntário. Paulo Guedes, como se fosse um veterano na política, que não é, engolindo tudo e não se sabe o motivo. Avaliza uma política que briga com a sua biografia. Ou então resolveu mudar seu pensamento.

Nas empresas, acontecem prioridades curiosas. Formam conselhos de notáveis gestores, poucos com condições de entenderem de relações trabalhistas, com o poder público, com particularidades de seus clientes e colaboradores. Entendem de tudo do alto mundo dos negócios, mas parece pouco conhecer da atividade para a qual foram convocados, com base apenas nas credenciais em outros ramos. Com isso, vemos empresas mais preocupadas com o politicamente correto e com as ações social e ambiental, do que com produtividade, qualidade, integração a um público-alvo e não com toda a suposta população.
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Afinal, consumidores no mercado nacional de produtos e serviços raramente percebem estes valores, concentrados num grupo de outro mundo que não o capitalista, possivelmente com maioria sem acreditar no regime como instrumento de progresso econômico e social. E que os beneficia.

Hoje, a meta passa a ser os famosos “bônus”, a todo custo, ficando os demais atores dos negócios, sejam colaboradores, clientes, consumidores ou fornecedores, em segundo plano. A qualidade de vida real e a felicidade passam ao largo. E nem sempre dão certo.

Mas a maioria dos top ten, em todo mundo, continuam a ser self made men, e não os que são apenas donos de bons currículos acadêmicos. Empreender é dom. Como carisma, facilidade no trato humano. Estes são formandos na universidade da vida. Um tema a ser pensado!