Publicado 26/05/2021 06:00
Nos últimos anos, o debate sobre corrupção travado no âmbito do campo partidário democrático brasileiro oscilou entre duas posições extremadas. Parte, ressentida pela captura à direita ao qual o tema foi submetido, se negou a debater o assunto e o encapsulou como parte exclusiva da gramática política dos movimentos que, inicialmente, favoreceram o golpe contra a presidente Dilma e, mais recentemente, levaram Jair Bolsonaro para o Planalto.
Outra parte, ciente da capacidade de mobilização popular do tema, fez dele parte fundamental de sua propaganda, por vezes se aproximando da utilização rebaixada do termo feita pela direita. Seja como for, nenhuma das duas posições foi capaz de dar respostas efetivas aos problemas brasileiros envolvendo a apropriação privada ou o uso indevido da máquina estatal e do orçamento público.
No vácuo desse debate, a direita e, especialmente, a extrema-direita se tornaram os principais protagonistas do tema no debate público. Julgo que esse protagonismo foi fundamental para a eleição do atual presidente e de parte significativa dos novos quadros parlamentares que com ele compuseram durante a eleição de 2018. Portanto, o debate raso e extremado do campo progressista foi o seu veneno.
Para além de suas repercussões eleitorais, o pior legado da ausência de uma análise refinada sobre o tema é que o debate público ficou pautado por posições toscas e de verniz populistas, logo, de pouca eficácia, mas alto apelo popular. Precisamos retomar a reflexão sobre a relação entre público e privado e, principalmente, sobre a confusão entre ambos, que são operados pelo conluio entre toda sorte de interesses não republicanos.
Parte da formulação depende da compreensão das nossas particularidades enquanto nação, ou seja, de formulações próprias de políticas públicas e arranjos institucionais que minimizem os desvios. Contudo, teremos também que estudar experiências internacionais e, com as devidas adequações, as aplicar aos nossos problemas. Só não podemos ficar refém de posições extremadas que em nada dialogam com o tema e tampouco com as expectativas que a sociedade têm sobre ele.
Demoraremos para recolocar o debate público em um patamar razoável, mas o tamanho do esforço é compatível com a sua urgência. O que foi nosso veneno faz parte do remédio que colocará a nossa democracia novamente nos trilhos.
Outra parte, ciente da capacidade de mobilização popular do tema, fez dele parte fundamental de sua propaganda, por vezes se aproximando da utilização rebaixada do termo feita pela direita. Seja como for, nenhuma das duas posições foi capaz de dar respostas efetivas aos problemas brasileiros envolvendo a apropriação privada ou o uso indevido da máquina estatal e do orçamento público.
No vácuo desse debate, a direita e, especialmente, a extrema-direita se tornaram os principais protagonistas do tema no debate público. Julgo que esse protagonismo foi fundamental para a eleição do atual presidente e de parte significativa dos novos quadros parlamentares que com ele compuseram durante a eleição de 2018. Portanto, o debate raso e extremado do campo progressista foi o seu veneno.
Para além de suas repercussões eleitorais, o pior legado da ausência de uma análise refinada sobre o tema é que o debate público ficou pautado por posições toscas e de verniz populistas, logo, de pouca eficácia, mas alto apelo popular. Precisamos retomar a reflexão sobre a relação entre público e privado e, principalmente, sobre a confusão entre ambos, que são operados pelo conluio entre toda sorte de interesses não republicanos.
Parte da formulação depende da compreensão das nossas particularidades enquanto nação, ou seja, de formulações próprias de políticas públicas e arranjos institucionais que minimizem os desvios. Contudo, teremos também que estudar experiências internacionais e, com as devidas adequações, as aplicar aos nossos problemas. Só não podemos ficar refém de posições extremadas que em nada dialogam com o tema e tampouco com as expectativas que a sociedade têm sobre ele.
Demoraremos para recolocar o debate público em um patamar razoável, mas o tamanho do esforço é compatível com a sua urgência. O que foi nosso veneno faz parte do remédio que colocará a nossa democracia novamente nos trilhos.
*É secretário da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ
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