Publicado 29/05/2021 06:10
A sociedade ficou chocada com as cenas de moradores da comunidade do Jacarezinho limpando o chão das vielas e o piso de suas casas sujos de sangue das vítimas de uma desastrosa e brutal operação policial. Foi mais um trágico episódio da falida Guerra às Drogas. Resolveu alguma coisa? Acabou com a violência e o tráfico no Jacarezinho? Claro que não.
Quem mora na comunidade, ou for lá agora, poderá registrar a presença armas e do comércio de drogas, como um dia qualquer. A polícia sabe disso. Sabe também que as operações, em geral, nunca interromperam os negócios escusos desta ou de outras regiões do Rio. Como os próprios policiais dizem, é uma vida de “enxugar gelo”. E não por vontade própria. Eles também são vítimas, pois são obrigados a defender as nossas leis, que ainda abraçam política de drogas absolutamente falida e ineficaz.
Do outro lado desta guerra estão os soldados do tráfico, que, na verdade, são jovens periféricos que, desde o nascimento, nunca foram alcançados pelas políticas públicas. Tiveram acesso desde cedo não só às drogas, como aos piores tipos de Educação, habitação, saneamento básico e Segurança pública que possam existir. Não podemos achar um absurdo alguém que more praticamente em um esgoto a céu aberto se deixar seduzir por dinheiro e o poder de segurar um fuzil de dezenas de milhares de reais.
Essa é a verdadeira Guerra às Drogas, um violento teatro social onde só se encenam tragédias. A solução para erradicar esta política é clara: descriminalização das drogas, bem como a legalização de algumas, como a cannabis. No entanto, parece que a relação homem-entorpecentes é algo que ainda choca a população. Mas não deveria.
Não há registros, em toda história mundial, de uma sociedade que não usasse entorpecentes. O ópio, a cannabis, a coca, mescalina, cogumelos, ayahuasca e tabaco, bem como o álcool, constam nos manuscritos mais antigos, de várias culturas. Não houve proibição, ao longo dos séculos, que acabasse com esta relação quase cultural da sociedade com as drogas.
A questão da descriminalização está intimamente relacionada com a queda dos índices de criminalidade. Portugal, Holanda, Alemanha, Uruguai, Argentina, Chile, Peru e vários estados dos EUA, por exemplo, passaram a tratar drogas como assunto relacionado à Saúde pública, e não à Segurança, e registram quedas significativas nos registros de assaltos e homicídios.
Quem mantém esta Guerra às Drogas não está no front de batalha, mas nas áreas nobres das cidades. Vale lembrar que a maior apreensão de fuzis feita pela Polícia do Rio ocorreu em um condomínio luxuoso, na Barra da Tijuca. Isso, por si só, é evidência contundente de que os verdadeiros barões do crime não moram em barracos, e sim em mansões de bairros chiques da cidade. Onde, com certeza, nunca ocorrerá uma chacina.
Do outro lado desta guerra estão os soldados do tráfico, que, na verdade, são jovens periféricos que, desde o nascimento, nunca foram alcançados pelas políticas públicas. Tiveram acesso desde cedo não só às drogas, como aos piores tipos de Educação, habitação, saneamento básico e Segurança pública que possam existir. Não podemos achar um absurdo alguém que more praticamente em um esgoto a céu aberto se deixar seduzir por dinheiro e o poder de segurar um fuzil de dezenas de milhares de reais.
Essa é a verdadeira Guerra às Drogas, um violento teatro social onde só se encenam tragédias. A solução para erradicar esta política é clara: descriminalização das drogas, bem como a legalização de algumas, como a cannabis. No entanto, parece que a relação homem-entorpecentes é algo que ainda choca a população. Mas não deveria.
Não há registros, em toda história mundial, de uma sociedade que não usasse entorpecentes. O ópio, a cannabis, a coca, mescalina, cogumelos, ayahuasca e tabaco, bem como o álcool, constam nos manuscritos mais antigos, de várias culturas. Não houve proibição, ao longo dos séculos, que acabasse com esta relação quase cultural da sociedade com as drogas.
A questão da descriminalização está intimamente relacionada com a queda dos índices de criminalidade. Portugal, Holanda, Alemanha, Uruguai, Argentina, Chile, Peru e vários estados dos EUA, por exemplo, passaram a tratar drogas como assunto relacionado à Saúde pública, e não à Segurança, e registram quedas significativas nos registros de assaltos e homicídios.
Quem mantém esta Guerra às Drogas não está no front de batalha, mas nas áreas nobres das cidades. Vale lembrar que a maior apreensão de fuzis feita pela Polícia do Rio ocorreu em um condomínio luxuoso, na Barra da Tijuca. Isso, por si só, é evidência contundente de que os verdadeiros barões do crime não moram em barracos, e sim em mansões de bairros chiques da cidade. Onde, com certeza, nunca ocorrerá uma chacina.
*É advogado e ativista pela descriminalização da cannabis.
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