Publicado 22/06/2021 05:50
Pouco mais de um ano da descoberta da covid-19, o país vive o cenário mais devastador da pandemia, onde a fome tem sido o maior pesadelo de muitos brasileiros. O coronavírus alavancou uma série de gatilhos: mortes, desemprego, inflação e fome, muita fome. Mesmo depois de mais de um ano do anúncio do primeiro caso da doença confirmado no Brasil, hoje, ainda amarga uma realidade brutal: a fome, que atingiu 19 milhões de brasileiros durante a pandemia em 2020.
Ao todo, 116,8 milhões de pessoas no Brasil passaram por algum grau de insegurança alimentar no ano passado, o que corresponde a 55,2% dos domicílios. Os dados foram apresentados no Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, produzido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). A sondagem inédita mostra que brasileiros conviveram com algum grau de insegurança alimentar no final de 2020 e 9% deles vivenciaram insegurança alimentar grave, isto é, passaram fome.
De acordo com os pesquisadores, os 19 milhões de brasileiros que passaram fome recentemente é o dobro do que foi registrado em 2009, com o retorno ao nível observado em 2004. Revelando assim uma amarga desigualdade social e as péssimas condições de vida que milhares de pessoas estão submetidas no país, sobretudo aquelas que vivem à margem da pátria querida, ou seja, os negros e pobres, grande parte nas áreas das periferias e comunidades, onde muitos perderam suas rendas e sustento, sejam com ganhos formais ou informais.
Vale ressaltar que a pandemia não inventou uma dificuldade nova, ela exacerbou as que já existiam. Na década de 1990, Herbert de Souza, o Betinho, tornou-se símbolo de cidadania no Brasil ao liderar a Ação da Cidadania contra a Fome, conhecida popularmente como a campanha contra a fome. O sociólogo mobilizou a sociedade brasileira para enfrentar desigualdades e a pobreza. Morreu em 1997, deixando um exemplo de solidariedade e de luta pela transformação social.
Essa desafiadora situação tem hoje outros protagonistas, inúmeras organizações voluntárias e até projetos locais estão realizando campanhas contra a fome. Diante desta situação de calamidade, uma gigantesca rede surgiu, no combate à fome. A Central Única das Favelas (Cufa), a Gerando Falcões e a Frente Nacional Antirracista lançaram o Movimento Panela Cheia, para arrecadar recursos para a compra de dois milhões de cestas básicas a serem distribuídas pelo país.
O “Panela Cheia” ainda conta com o apoio da União SP e com a cooperação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Assim como a campanha nacional: “Se tem gente com fome, dá de comer!”, criada pela Coalizão Negra por Direitos, que se soma a inúmeras iniciativas que visam responder ao aumento da fome no país.
Agora é hora de unir forças e ajudar quem mais precisa, promovendo ações de combate à fome por todo o país, formando uma grande corrente de irmandade. A pandemia trouxe um aprendizado: a união e solidariedade, está longe de ser uma máxima, mas já é um começo.
Ao todo, 116,8 milhões de pessoas no Brasil passaram por algum grau de insegurança alimentar no ano passado, o que corresponde a 55,2% dos domicílios. Os dados foram apresentados no Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, produzido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). A sondagem inédita mostra que brasileiros conviveram com algum grau de insegurança alimentar no final de 2020 e 9% deles vivenciaram insegurança alimentar grave, isto é, passaram fome.
De acordo com os pesquisadores, os 19 milhões de brasileiros que passaram fome recentemente é o dobro do que foi registrado em 2009, com o retorno ao nível observado em 2004. Revelando assim uma amarga desigualdade social e as péssimas condições de vida que milhares de pessoas estão submetidas no país, sobretudo aquelas que vivem à margem da pátria querida, ou seja, os negros e pobres, grande parte nas áreas das periferias e comunidades, onde muitos perderam suas rendas e sustento, sejam com ganhos formais ou informais.
Vale ressaltar que a pandemia não inventou uma dificuldade nova, ela exacerbou as que já existiam. Na década de 1990, Herbert de Souza, o Betinho, tornou-se símbolo de cidadania no Brasil ao liderar a Ação da Cidadania contra a Fome, conhecida popularmente como a campanha contra a fome. O sociólogo mobilizou a sociedade brasileira para enfrentar desigualdades e a pobreza. Morreu em 1997, deixando um exemplo de solidariedade e de luta pela transformação social.
Essa desafiadora situação tem hoje outros protagonistas, inúmeras organizações voluntárias e até projetos locais estão realizando campanhas contra a fome. Diante desta situação de calamidade, uma gigantesca rede surgiu, no combate à fome. A Central Única das Favelas (Cufa), a Gerando Falcões e a Frente Nacional Antirracista lançaram o Movimento Panela Cheia, para arrecadar recursos para a compra de dois milhões de cestas básicas a serem distribuídas pelo país.
O “Panela Cheia” ainda conta com o apoio da União SP e com a cooperação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Assim como a campanha nacional: “Se tem gente com fome, dá de comer!”, criada pela Coalizão Negra por Direitos, que se soma a inúmeras iniciativas que visam responder ao aumento da fome no país.
Agora é hora de unir forças e ajudar quem mais precisa, promovendo ações de combate à fome por todo o país, formando uma grande corrente de irmandade. A pandemia trouxe um aprendizado: a união e solidariedade, está longe de ser uma máxima, mas já é um começo.
*É babalawô e professor-doutor CCIR/CEAP/UFRJ/IFCS
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