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Por Isa Colli*
Publicado 26/06/2021 05:55
A pandemia trouxe dor e incertezas. Com o tempo, no entanto, aprendemos a lidar com tantas perdas e restrições. Em meio ao tal do novo normal, que imaginávamos que seria provisório e custa a nos deixar, tivemos de incorporar alguns hábitos em nossas vidas. Um deles é o uso de máscaras.

É justamente sobre esses objetos tão importantes para nos proteger contra a covid-19 que eu escolhi falar no Mês do Meio Ambiente. Mês este que passará a se chamar Junho Verde, se aprovado o PL 1.070/2021, já ratificado em votação simbólica no Senado e em análise na Câmara dos Deputados (Fonte: Agência Senado).

Mas por que falar de máscaras e não de queimadas na Amazônia, poluição ambiental, desperdício de água no planeta ou do descarte correto do lixo e importância da reciclagem, temas constantes nos meus livros infantis? Porque é preciso pensar sobre a forma como estamos descartando os equipamentos de proteção individual que nos são tão úteis nessa pandemia.

Uma campanha em Portugal que uniu três associações ambientalistas, por exemplo, apela ao uso de máscaras reutilizáveis com o alerta: “Uma protecção para si. Um sufoco para a natureza”. Os cartazes mostram um pinguim, um lince e uma tartaruga de máscara. O objetivo é sensibilizar a população e mostrar que há “um mar de máscaras” que, a cada dia, sufoca mais animais. Segundo dados de ambientalistas, todo mês, 129 bilhões de máscaras e 65 bilhões de luvas plásticas são descartadas.

O problema é que, depois de salvar vidas, o material usado contra a covid-19 passa do lixo ao fundo do mar, onde pode levar 450 anos para se desfazer. A longo prazo, dá para imaginar o risco que esse descarte em massa trará aos ecossistemas. Além do tempo que leva para se deteriorar, há outra questão: esses objetos podem ficar presos nas patas de gaivotas e outros animais, trazendo riscos para eles.

Então, o que fazer para evitar esse dano ambiental? O lixo hospitalar sabemos que tem o descarte correto. O problema é a máscara descartável quando usada pela população sem o descarte adequado. Segundo especialistas, o ideal é usar as máscaras reutilizáveis, deixando as descartáveis para os profissionais que precisam usá-las.

E se precisar usar a descartável, guarde após o uso em um saco plástico que possa acumular por um período e depois encaminhar para um posto ou estabelecimento de saúde, que poderá dar um encaminhamento correto ao objeto. É importante refletir sobre esse assunto. Afinal, nossas escolhas individuais podem impactar no coletivo.
*É jornalista e escritora
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