Publicado 24/07/2021 03:00
Você já parou para se perguntar sobre o que é escolher assumir-se mulher negra em uma sociedade racista e misógina? E sobre o que é ser mulher, negra, e acadêmica, em um país que condiciona os nossos corpos negros aos mais baixos estratos sociais? Bom, assumir-se mulher negra, intelectual e pesquisadora no Brasil é, antes de tudo, um ato político resultante das lutas e resistências cotidianas travadas por nós mesmas contra todo tipo de opressão, castramento, silenciamento e invisibilização histórica. Como bem nos contam os livros, a sociedade brasileira foi forjada, gestada e construída sobre pilares eugenistas que condicionavam os corpos negros à escravidão e à exploração. Destarte, é possível afirmar ainda que, em meio a um passado brutal, principalmente mulheres negras foram, e ainda são, objetificadas e invalidadas pelo patriarcado branco que as caracteriza, equivocadamente, como corpos reprodutores incapazes de produzir conhecimento intelectual. Destinadas ao fazer, diariamente encontram-se reduzidas e cerceadas de suas reais potências de acordo com os interesses dominantes. Entretanto, é importante ressaltar o protagonismo cotidianamente invisibilizado destes sujeitos na luta pela garantia de seus direitos e pela consolidação de seus reais lugares no mundo.
Talvez você não soubesse disso, mas desde 2014 no dia 25 de julho é considerado o Dia Nacional de Tereza Benguela e da Mulher Negra no Brasil. Conhecida como “Rainha Tereza” pelo Vale do Guapé, essa foi uma importante líder Quilombo de Quariterê no século XVIII. Tal tentativa, e muitas outras, de apagamento histórico são mais do que rotineiros em nossa sociedade, afinal, se pensarmos a história do Brasil que a escola nos conta logo percebemos a não presença do protagonismo negro no currículo hegemônico estruturante da instituição. Ademais, é possível notar, também, como o peso do racismo e do machismo são constantes no processo de objetificação e (des)construção de identidades da mulher negra brasileira. Nesse contexto, é notoriamente perceptível como a “colonialidade do saber” trabalha, diariamente, para a desvalorização do conhecimento científico produzido por mulheres negras. A partir do momento em que se problematiza a normalidade em busca de uma transgressão de padrão branco heteronormativo ameaça-se diretamente toda uma construção social-intelectual que privilegia aqueles que denominam-se como detentores do poder. Cada vez que uma de nós torna-se protagonista e porta-voz de sua vida, história e luta, uma barreira é rompida. Barreiras essas que tendem a se multiplicar quando as bandeiras de lutas pela equidade e igualdade de raciais e de gênero somam-se às bandeiras de luta pela liberdade religiosa. Com isso, pode-se afirmar que, cada vez mais, nós, mulheres negras, precisamos insurgir ecoando nossas vozes em busca de desconstruir esse lugar de desvalorização galgando o protagonismo de nossas próprias vidas e vivências. Insurgindo e fortificando a luta em prol do reconhecimento de nosso real lugar no mundo e na história.
Talvez você não soubesse disso, mas desde 2014 no dia 25 de julho é considerado o Dia Nacional de Tereza Benguela e da Mulher Negra no Brasil. Conhecida como “Rainha Tereza” pelo Vale do Guapé, essa foi uma importante líder Quilombo de Quariterê no século XVIII. Tal tentativa, e muitas outras, de apagamento histórico são mais do que rotineiros em nossa sociedade, afinal, se pensarmos a história do Brasil que a escola nos conta logo percebemos a não presença do protagonismo negro no currículo hegemônico estruturante da instituição. Ademais, é possível notar, também, como o peso do racismo e do machismo são constantes no processo de objetificação e (des)construção de identidades da mulher negra brasileira. Nesse contexto, é notoriamente perceptível como a “colonialidade do saber” trabalha, diariamente, para a desvalorização do conhecimento científico produzido por mulheres negras. A partir do momento em que se problematiza a normalidade em busca de uma transgressão de padrão branco heteronormativo ameaça-se diretamente toda uma construção social-intelectual que privilegia aqueles que denominam-se como detentores do poder. Cada vez que uma de nós torna-se protagonista e porta-voz de sua vida, história e luta, uma barreira é rompida. Barreiras essas que tendem a se multiplicar quando as bandeiras de lutas pela equidade e igualdade de raciais e de gênero somam-se às bandeiras de luta pela liberdade religiosa. Com isso, pode-se afirmar que, cada vez mais, nós, mulheres negras, precisamos insurgir ecoando nossas vozes em busca de desconstruir esse lugar de desvalorização galgando o protagonismo de nossas próprias vidas e vivências. Insurgindo e fortificando a luta em prol do reconhecimento de nosso real lugar no mundo e na história.
*Mariana Gino é Doutoranda em História PPGHC/UFRJ. Yamim Lobo Ivanir dos Santos é Graduanda em Pedagogia UERJ/FFP
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