Publicado 21/08/2021 05:50
O Ministério da Economia atribuiu a “uma confusão” o fato de o Palácio Gustavo Capanema, ícone mundial da arquitetura modernista, ter sido erroneamente incluído na lista oficial de 750 mil imóveis pertencentes à União que o governo federal pretende leiloar. Melhor assim. Levar adiante uma ideia como essa seria tão absurdo quanto vender o Cristo Redentor ou o Pão de Açúcar. Por isso, a gente vai se esforçar para acreditar que tudo realmente não passou de um grande mal-entendido, num governo cujo desapreço à Cultura é sua marca registrada.
A suposta confusão, entretanto, teve duas consequências positivas. Primero, conseguiu um feito raro: unir a sociedade civil, sobretudo artistas, arquitetos e urbanistas, à classe política na defesa de um símbolo, um orgulho para o Brasil. O Capanema, assinado por nomes como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Affonso Reidy, sob supervisão de ninguém menos que Le Corbusier, representa um tempo em que nosso país dava certo e que construía um futuro com linhas modernas. Por isso, a Alerj e o governo do estado se prontificaram, tão logo saiu a chocante notícia, negociar com a União e comprarem o Palácio, a fim de não permitir que ele fosse vendido a um grupo privado.
A segunda consequência positiva foi que essa união nos levou a uma reflexão, expressa no encontro que fizemos na Alerj: é preciso dar, sim, uma destinação aos imóveis públicos. A venda até pode ser um caminho, mas não pode ser única estratégia. Existe a possibilidade de destinação social – afinal é enorme o déficit habitacional no Brasil. E, no caso daqueles imóveis de valor histórico, como o Palácio Capanema, o prédio da Central do Brasil, entre outros, eles precisam ser administrados – seja através de PPPs ou não – para que sejam ocupados por seus verdadeiros donos, o público, e não apenas por uma burocracia governamental.
É exatamente isso o que faremos com o Palácio Tiradentes. A Alerj se mudou para o também icônico Edifício Lucio Costa, no Largo da Carioca, coração do Centro do Rio. Após passar por uma obra de restauro, que ainda será iniciada, o Tiradentes será transformado no Museu de Democracia, resgatando sua rica história, divulgando a memória política do Brasil e do Rio e proporcionando experiências para as pessoas.
É isso o que esperamos que aconteça com o Capanema e tantos outros prédios que são parte da nossa história. Porque um país que não preserva a sua memória é uma nação sem alma. E uma sociedade que não se une para defendê-la também perde a sua identidade. Que a união que vimos surgir nesse episódio não se disperse com essa vitória, pois ainda há muitas batalhas pela frente.
A suposta confusão, entretanto, teve duas consequências positivas. Primero, conseguiu um feito raro: unir a sociedade civil, sobretudo artistas, arquitetos e urbanistas, à classe política na defesa de um símbolo, um orgulho para o Brasil. O Capanema, assinado por nomes como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Affonso Reidy, sob supervisão de ninguém menos que Le Corbusier, representa um tempo em que nosso país dava certo e que construía um futuro com linhas modernas. Por isso, a Alerj e o governo do estado se prontificaram, tão logo saiu a chocante notícia, negociar com a União e comprarem o Palácio, a fim de não permitir que ele fosse vendido a um grupo privado.
A segunda consequência positiva foi que essa união nos levou a uma reflexão, expressa no encontro que fizemos na Alerj: é preciso dar, sim, uma destinação aos imóveis públicos. A venda até pode ser um caminho, mas não pode ser única estratégia. Existe a possibilidade de destinação social – afinal é enorme o déficit habitacional no Brasil. E, no caso daqueles imóveis de valor histórico, como o Palácio Capanema, o prédio da Central do Brasil, entre outros, eles precisam ser administrados – seja através de PPPs ou não – para que sejam ocupados por seus verdadeiros donos, o público, e não apenas por uma burocracia governamental.
É exatamente isso o que faremos com o Palácio Tiradentes. A Alerj se mudou para o também icônico Edifício Lucio Costa, no Largo da Carioca, coração do Centro do Rio. Após passar por uma obra de restauro, que ainda será iniciada, o Tiradentes será transformado no Museu de Democracia, resgatando sua rica história, divulgando a memória política do Brasil e do Rio e proporcionando experiências para as pessoas.
É isso o que esperamos que aconteça com o Capanema e tantos outros prédios que são parte da nossa história. Porque um país que não preserva a sua memória é uma nação sem alma. E uma sociedade que não se une para defendê-la também perde a sua identidade. Que a união que vimos surgir nesse episódio não se disperse com essa vitória, pois ainda há muitas batalhas pela frente.
André Ceciliano é deputado estadual do PT e preside a Alerj
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