Myrian Lund, economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio VargasDivulgação
Publicado 07/09/2021 06:00
Você já foi abordado ou conhece alguém que afirma ganhar 10% ao mês com aplicação em bitcoin? Cuidado, você pode estar diante de uma pirâmide financeira. A pirâmide é um modelo de negócio, não legalizado, que convida pessoas a investir com a promessa de ganho fácil e garantido, por exemplo, ganho de 10% a.m., informando que a base é bitcoin.
Bitcoin é uma moeda (como o dólar, o euro) só que digital e com grandes oscilações. Como é possível garantir renda fixa em algo que é renda variável? Essas empresas que oferecem esse tipo de investimento não são registradas, nem mesmo os seus produtos, em qualquer órgão regulador, como Banco Central do Brasil ou CVM – Comissão de Valores Mobiliários.
Imagine que você está dando o seu dinheiro para um desconhecido aplicar, sem qualquer registro em cartório, ou numa câmara de liquidação e custódia. É exatamente o que você está pensando, essa pessoa (empresa) está usando o seu dinheiro em nome dela. O nome pirâmide advém do fato de a empresa captar “novos contratos” para pagar os antigos.
Na verdade, não existem aplicações em bitcoin. O dinheiro que entra é partilhado entre o dono da empresa e as pessoas que estão aguardando seus rendimentos. E assim vai se formando uma rede, onde cada investidor convida e convence novas pessoas a entrarem. O dinheiro continua circulando até o momento que novos depósitos cessarem.
Na hora que a Polícia Federal chega à empresa, não encontra qualquer estrutura, não encontra aplicação em bitcoin, apenas repasses de dinheiro entre pessoas, com uma roupagem de investimento que não existe. É por isso que quando há intervenção, a casa cai, pois não tem lastro, não tem nada em nome dos investidores.
Você sabia que todos os produtos que você investe no mercado financeiro são registrados e custodiados em câmara de liquidação e custódia. Basta consultar a área do investidor no site www.b3.com.br. Lá você encontrará os CDBs, LCIs, LCAs, CRIs, CRAs, Debêntures, ações, títulos do tesouro direto e outros que estejam em seu nome.
Você já imaginou comprar um imóvel de boca, sem fazer registro em cartório, sem ter RGI. Quem garante que o imóvel é seu, que você comprou? É exatamente o que as pessoas fazem quando investem nessas empresas entregando seu dinheiro sem registro.
O problema não é a moeda virtual bitcoin. A moeda existe e é negociada no exterior em alguns países. O que não existe é um produto estruturado a partir da bitcoin pagando renda fixa “ilusional”. Quer saber como comprar legalmente bitcoin? Acesse uma corretora no Brasil, autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil, que tenha parceria com uma Exchange no exterior para ter acesso à compra de bitcoin.
A moeda bitcoin adquirida ficará numa wallet em seu nome, onde apenas você terá acesso. Você pode, entretanto, de forma mais fácil, e com pouco recurso, comprar ETF (fundo de um índice internacional de moedas digitais) negociado na bolsa de valores brasileira, na B3. Existem 3 fundos, que foram lançados recentemente. Para saber mais clique em www.hashdex.com.br
Você poderá sair a hora que quiser vendendo a sua posição em bolsa de valores a preço de mercado (preço da moeda virtual no dia). Isso é legalizado, mas não há garantia de ganho. Veja o exemplo da HASH, fundo representativo de ações virtuais, onde o bitcoin representa aproximadamente 80%.
Myrian Lund é economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas
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