Publicado 11/09/2021 05:50
Já em 2002, o governo do Estado do Rio de Janeiro planejou a expansão do sistema universitário com base em alguns pilares. O cenário nacional deixava claro a necessidade de uma presença maior do Estado na formação de pessoal de Nível Superior, sobretudo em regiões pouco atendidas. Segundo, que a expansão deveria ocorrer em sintonia com as prioridades do estado e tendo em vista sua vocação econômica que se relacionava às áreas com maior potencial.
Tudo isso deveria ocorrer com o concomitante fortalecimento das duas universidades acadêmicas já existentes na ocasião: Uerj e Uenf. Surge assim o planejamento de duas novas universidades: a Uezo, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro e uma outra, voltada para as áreas de Horticultura, Floricultura e Fruticultura, com forte base biotecnológica, a ser localizada na Região Serrana do estado. Essa última não saiu do papel.
O Projeto Uezo, no entanto, prosperou graças a forte articulação na sua criação entre a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, responsável pela área de Ensino Superior, e a Secretaria Estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo dos governos Anthony e Rosinha Garotinho. Desde o início, a Uezo foi concebida para atuar na área tecnológica, com cursos de graduação de menor duração (modalidade Tecnólogo) e em áreas vitais para o desenvolvimento econômico do estado. Essas foram selecionadas ouvindo todos os setores do governo e da sociedade. Assim, a “universidade tecnológica” teve início em 2005 atuando em áreas como Biotecnologia, Construção Naval, Produção Naval, Polímeros, Produção Siderúrgica, Produção de Fármacos e Tecnologia da Informação.
Com o tempo a Uezo foi perdendo apoio governamental e foi se descaracterizando, indo no caminho equivocado de ser uma universidade tradicional ao invés de se consolidar com a única universidade tecnológica do estado. Hoje vive uma crise e ao invés de fazer uma reflexão profunda e aprofundar sua vocação, procura seguir o pior caminho possível: desaparecer e seus docentes se incorporarem à Uerj.
Nesse caminho, erra a Uezo e também a UERJ. Perde o ensino tecnológico público, e perde a Zona Oeste. Entendemos em parte o desespero dos colegas da Uezo por não terem recebido o apoio necessário do governo do estado para a solução do grave problema salarial e de carreira do seu corpo docente e técnico-administrativo e a inexistência de um novo campus próprio. Isso, no entanto tem solução.
Conclamamos todos a defenderem a sobrevivência e o desenvolvimento da Uezo, até porque a sua incorporação em outra universidade como a Uerj na prática traz também o simbolismo da extinção de uma instituição tradicional que certamente deveria ter muito futuro. Não se pode apoiar a extinção de uma instituição pública de ensino. Universidade se cria, jamais se extingue!!
Wagner Victer é ex-secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo
Waderley de Souza é ex-secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação
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