Publicado 29/09/2021 06:00
As mulheres são cerceadas no parlamento brasileiro e continuam em posição desfavorável quando comparamos com os espaços de poder ocupados pelos homens. Há uma prática de interromper nossa fala, como ocorre quando uma mulher discursa em tom de voz enfático e é rotulada de nervosa, reduzindo seu discurso a “descontroles femininos”.
Como aconteceu na sessão da CPI da Covid com a senadora Simone Tebet (MDB/MS), que passou por esse constrangimento, quando o depoente, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário a chamou de “descontrolada”. Ao se sentir incomodado com uma pergunta que a senadora o fizera – escancarou o machismo que atinge as parlamentares, diariamente.
Estudo realizado em 2016 pela União Interparlamentar, incluindo 39 países, 82% das mulheres relataram ter experimentado alguma violência psicológica (ou assédio) enquanto cumpriam seus mandatos. Como parlamentar também lido com agressões nas redes sociais. Após anunciar o meu apoio ao candidato para as eleições de 2022, o ator José de Abreu postou: “Gente, ela tem parente? Avisa que os remedinhos acabaram. Entrou em surto psicótico”. Senti machismo na reação do ator que desqualifica uma parlamentar que se posiciona, chamando-a de “louca”.
Portanto, sinto indignação ao ver a movimentação na Câmara dos Deputados para alterar a Lei de Cotas de Gênero. Querem reduzir de 30% para 10% a exigência de candidaturas femininas nas eleições. A Lei de Cotas é uma conquista e tem é que ser ampliada. O justo é a paridade de direitos na representação política. No Brasil há uma sub-representação das mulheres na política, se for avaliada a desproporção entre eleitoras e eleitas. Apesar de constituírem 52,5% do eleitorado, ocupamos apenas 16% da Câmara dos Vereadores, 15,3% das Assembleias Legislativas, 15% da Câmara dos Deputados, e 12,9% do Senado.
No Brasil, é alarmante o número de mulheres assassinadas, espancadas e estupradas. Esse quadro agravou-se com a pandemia que obrigou muitas mulheres a se isolarem em casa com seus agressores. Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública/Datafolha revelou que 17 milhões de mulheres (24,4%) sofreram violência física, psicológica ou sexual em 2020.
O que faremos com todas essas denúncias de agressões contra mulheres? Poderíamos utilizar o Parlamento para propagar o grito por justiça e elaborar políticas públicas que as protejam. Porém, existe muita resistência ao aumento da participação feminina. Mulheres não são eleitas com facilidade para presidir comissões nem assumir a liderança de partidos. A própria CPI da Covid está aí para comprovar, não há uma mulher entre os titulares. Após acordo, foi estabelecido que as senadoras podem se manifestar, mas sem poder decisório.
Como aconteceu na sessão da CPI da Covid com a senadora Simone Tebet (MDB/MS), que passou por esse constrangimento, quando o depoente, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário a chamou de “descontrolada”. Ao se sentir incomodado com uma pergunta que a senadora o fizera – escancarou o machismo que atinge as parlamentares, diariamente.
Estudo realizado em 2016 pela União Interparlamentar, incluindo 39 países, 82% das mulheres relataram ter experimentado alguma violência psicológica (ou assédio) enquanto cumpriam seus mandatos. Como parlamentar também lido com agressões nas redes sociais. Após anunciar o meu apoio ao candidato para as eleições de 2022, o ator José de Abreu postou: “Gente, ela tem parente? Avisa que os remedinhos acabaram. Entrou em surto psicótico”. Senti machismo na reação do ator que desqualifica uma parlamentar que se posiciona, chamando-a de “louca”.
Portanto, sinto indignação ao ver a movimentação na Câmara dos Deputados para alterar a Lei de Cotas de Gênero. Querem reduzir de 30% para 10% a exigência de candidaturas femininas nas eleições. A Lei de Cotas é uma conquista e tem é que ser ampliada. O justo é a paridade de direitos na representação política. No Brasil há uma sub-representação das mulheres na política, se for avaliada a desproporção entre eleitoras e eleitas. Apesar de constituírem 52,5% do eleitorado, ocupamos apenas 16% da Câmara dos Vereadores, 15,3% das Assembleias Legislativas, 15% da Câmara dos Deputados, e 12,9% do Senado.
No Brasil, é alarmante o número de mulheres assassinadas, espancadas e estupradas. Esse quadro agravou-se com a pandemia que obrigou muitas mulheres a se isolarem em casa com seus agressores. Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública/Datafolha revelou que 17 milhões de mulheres (24,4%) sofreram violência física, psicológica ou sexual em 2020.
O que faremos com todas essas denúncias de agressões contra mulheres? Poderíamos utilizar o Parlamento para propagar o grito por justiça e elaborar políticas públicas que as protejam. Porém, existe muita resistência ao aumento da participação feminina. Mulheres não são eleitas com facilidade para presidir comissões nem assumir a liderança de partidos. A própria CPI da Covid está aí para comprovar, não há uma mulher entre os titulares. Após acordo, foi estabelecido que as senadoras podem se manifestar, mas sem poder decisório.
Passou da hora de acabar com a violência de gênero na política brasileira. Diversos casos de agressões a parlamentares comprovam que não estamos seguras nem no plenário.
Juliana Brizola é deputada estadual, líder da bancada do PDT na Assembleia Legislativa do RS, graduada em Direito e mestre em Ciências Criminais
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.