André Esteves - Diretor Executivo do Instituto Cyclusdivulgação
Publicado 19/10/2021 06:00
Ainda que com enorme atraso, o índice de transmissão do coronavírus no Brasil é o menor desde abril de 2020, segundo levantamento do Imperial College de Londres. Essa perspectiva de retorno à normalidade agita consideravelmente o mercado de trabalho. Por um lado, como fazer para recuperar o tempo e a receita perdidos; por outro, como estar preparado para otimizar resultados e liderar esse processo de mudança. O que mais ouvimos durante a pandemia foi que precisávamos ser resilientes, adaptáveis e inovadores. A bem da verdade, houve muito aprendizado neste período. Mas, também, observamos uma certa acomodação inconsciente que vai cobrar seu preço. Com juros e correção monetária.
A oportunidade de experimentar, de forma compulsória, novos modelos de relação de trabalho, como o home office ou a jornada híbrida, por exemplo, possibilitou ampliar o horizonte sobre temas relevantes dos recursos humanos, tais como: produtividade, disciplina organizacional, trabalho em equipe, capacitação e autodesenvolvimento. Para permanecer em plena atividade durante esse longo período de incertezas corporativas, as organizações precisaram adaptar seus modelos de gestão de pessoas, desde o recrutamento, passando pela seleção e treinamento, avaliação de desempenho, clima organizacional, promoção e, principalmente, demissão. O contexto social impôs uma variável extra na relação com os colaboradores, tendo em vista que o impacto gerado por qualquer movimento na atividade profissional teria significativas consequências nas esfera pessoal e social.
Desta forma, a responsabilidade das lideranças aumentou exponencialmente. O líder precisa vestir o novo figurino. Somente com uma atuação sintonizada com o atual momento, ele será capaz de produzir os resultados desafiadores que o esperam. Mais que liderar metas, ele vai conduzir pessoas com sentimentos diversos e problemas customizados. É necessário encontrar o ponto de convergência, o que une a todos, diminuindo as distâncias e otimizando as interseções.
A regra geral para que tudo funcione melhor está no desenvolvimento das habilidades comportamentais, as chamadas soft skills. Estudo recente realizado com quase 500 líderes pela The School of Life Brasil e a consultoria de recrutamento Robert Half revela as três habilidades mais valorizadas pelos gestores no processo seletivo: as comportamentais (56%), o conhecimento técnico/experiência (43%) e a formação/certificação (1%). A pesquisa revelou ainda que 60% do líderes demitiram por causa de comportamentos inadequados do colaborador. Do ponto de vista dos liderados, as competências que os líderes precisam desenvolver são: comunicação (28%), apoio psicológico (24%) e empatia (22%).
A boa notícia é que a maioria dos líderes - e dos liderados - consegue refletir sobre suas atitudes, pensamentos, sentimentos e emoções. Com maior autoconhecimento e inteligência emocional, observados em ciclos permanentes de capacitação e aprendizagem contínua, será possível desenvolver com sucesso sua carreira e os negócios de sua empresa de forma sustentável. O “novo normal”, tão desejado por todos nós, está quase chegando. Estamos realmente preparados para ele?
André Esteves é professor universitário e diretor executivo do Instituto Cyclus
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