Publicado 15/11/2021 04:00
A solenidade em que a Câmara de Vereadores do Rio, em sessão presidida pelo vereador Carlos Eduardo, médico e em quinto mandato, homenageou o consagrado cirurgião Octavio Pires Vaz, membro da Academia Nacional de Medicina, fez levantar a importância da presença de grandes médicos no setor público, que vem caindo nas últimas décadas.
A tradição sempre foi a desses homens de sucesso profissional, comandando clínicas de relevância na qualidade no setor privado, nunca terem deixado de lado o idealismo da profissão como instrumento de ação social e de solidariedade humana. Estes notáveis sempre trabalharam no anonimato, sem militância ideológica ou ambições políticas.
O próprio Octavio Vaz foi marcante cirurgião por décadas no SUS. Chegou a diretor-geral, no Hospital de Ipanema, ganhando por mês menos do que numa cirurgia em clínica particular. Passou 20 anos no Miguel Couto, na emergência, embora ali tenha sido alvo da inveja e do despeito de um diretor de militância ideológica, que fez do hospital de Nova Monteiro, outro expoente e com assento na Academia Nacional,
instrumento para obter mandatos.
instrumento para obter mandatos.
Este é o lado cinza de uma área que sempre atraiu militantes de esquerda, que combateram e combatem o setor privado, responsável através dos planos pelo alívio no SUS em todo o país. Curioso que, salvo raras
exceções, estes militantes nunca tiveram sucesso na cátedra nem na clínica médica.
exceções, estes militantes nunca tiveram sucesso na cátedra nem na clínica médica.
Claro que este domínio sempre foi favorecido pela omissão, na participação sindical e demais entidades representativas pelos que achavam que deveriam apenas se ocuparem da Medicina. Agora mesmo na pandemia, quando se viu nas televisões depoimentos políticos e não médicos se constata o aparelhamento ideológico nas entidades e nos entrevistados. Uma “cientista”, na semana em que chegaram as primeiras vacinas, chorou diante das câmeras ao anunciar que não teríamos vacinas, insinuando a responsabilidade do governo.
Na pandemia, a colaboração do setor privado foi enorme, inclusive em doações, mas sempre alvo de ataques injustificáveis e injustos. Prejudicaram, por exemplo, a aceleração da imunização combatendo o direito de o setor de clínicas privadas importarem vacinas, doando a metade ao SUS e, com a sua metade, aliviando o setor público e acelerando o processo em paralelo ao cronograma oficial. Muitas vidas teriam
sido poupadas.
sido poupadas.
A CPI do Senado fez muito barulho, com objetivos políticos, além de evidenciar a negligência oficial já sabida, na compra de vacinas, na defesa da vacinação, no deboche com o uso de máscaras e ao evitar aglomerações. Mas nada fez para apurar os escândalos bilionários envolvendo o sumiço dos recursos repassados pelo governo federal a estados e municípios.
Os respiradores comprados e não entregue por empresas fantasmas ficaram por isso mesmo. Assim como os pagos duas a três vezes o valor de mercado. Ou até os que só podiam ser usados em ambulâncias. E os “hospitais de campanha”, cujos valores gastos deveriam ser comparados aos que fizeram bom uso dos recursos, como o caso de Minas.
Falta na área da Saúde, hoje, a presença desses notáveis que já fizeram a excelência do setor público, com idealismo e desprendimento. Saúde publica não deve ter partido nem ideologia. Tem de ser objetiva e livre.
Aristóteles Drummond é jornalista
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