Petrópolis iniciou o plano de ação de combate ao coronavírus no dia 13 março com os primeiros decretos, antes mesmo de muitos países europeus - Caio Garin
Petrópolis iniciou o plano de ação de combate ao coronavírus no dia 13 março com os primeiros decretos, antes mesmo de muitos países europeusCaio Garin
Por Ney Freitas
Petrópolis - “Não é uma volta à normalidade, mas o início de um caminho gradual de trabalho. É um pacto em defesa da vida, e a população é a peça mais importante no processo”, explicou o prefeito Bernardo Rossi na manhã deste sábado durante o anúncio dos segmentos que estarão autorizados a funcionar a partir do dia 1º de junho em Petrópolis, seguindo a nota técnica da Secretaria de Saúde. Bernardo Rossi explicou, em uma live pela internet, como vai funcionar a flexibilização gradual do comércio e serviços e frisou que a medida não significa o fim do isolamento na cidade, as ações preventivas de combate ao coronavírus continuam fundamentais para evitar ainda mais mortes no município e estarão ainda mais endurecidas.

Todos os decretos de combate à doença, que terminariam amanhã, foram estendidos até o dia 31 de maio. O monitoramento da curva da doença continua e a prefeitura pode recuar da decisão a qualquer momento, não descartando a possibilidade de um lockdown caso os números de contaminação voltem a crescer. Pessoas e estabelecimentos que descumprirem as normas estarão sujeitos a multa. Quem estiver nas ruas sem máscara, por exemplo, poderá ser multado em R$ 250. Já os estabelecimentos, além de multa, poderão sofrer medidas administrativas, como suspensão das atividades, cassação da licença e interdição.

Após conversas com diversos setores sociais, econômicos e da saúde, iniciamos um novo momento na cidade. Um passo necessário, mas difícil de ser dado, que somente com o apoio de todos os petropolitanos nós vamos conseguir. Nós agradecemos a todos que realizaram o isolamento até hoje, que estão há mais de dois meses em casa e evitando que a doença se espalhe para toda a cidade. O apoio da população foi extremamente importante para nós chegarmos até aqui hoje. Esse foi nosso pacto pela vida e precisamos reforçá-lo”, explica o prefeito. “A vida não está voltando ao normal. Nós continuamos defendendo o isolamento social, defendendo que as pessoas não saiam de suas casas sem necessidade, que evitem aglomerações e se protejam utilizando máscaras e álcool em gel. Reafirmo aqui que o nosso compromisso é com a saúde, com a vida”, completa Rossi.

O plano de retomada gradual do comércio e serviços está separado por “linhas”. A primeira é a “verde”, que já está em funcionamento, como mercados, açougues, padarias e farmácias. A segunda, que passa a ser autorizada a partir de 1º de junho é a “branca”: são estacionamentos, papelarias, lavanderias, conserto de equipamentos eletrônicos, óticas, restaurantes às margens da BR-040, concessionárias e agencias de veículos, consultórios, lojas de tecido e armarinhos, lojas de autopeças e chaveiros. De acordo com o plano, a próxima linha - a “amarela” - poderá autorizada em 08 de junho. O detalhamento de quem pode funcionar, quando e de que forma, está disponível no link: http://www.petropolis.rj.gov.br/coronavirus/.

Todas as datas da flexibilização do Plano estão na condicionante de acordo com as métricas estabelecidas pela Secretaria de Saúde”, explica o coordenador de Planejamento e Gestão Estratégica da prefeitura, Dalmir Caetano. “A Secretaria de Saúde vem trabalhando constantemente na elaboração do plano, que foi feito com toda a nossa capacidade técnica. E foi criado o planejamento de como ele vai se comportar e como vão ser as condições para a abertura do comércio. Junto com a nossa equipe técnica, vamos monitorar toda a rede de saúde. O plano, tanto pode avançar, como pode retroceder”, completa a secretária de Saúde, Fabíola Heck.

Prefeitura monta "retaguarda" para colocar Plano em prática

Ao longo das últimas semanas, o prefeito Bernardo Rossi ouviu diversos segmentos econômicos, o judiciário e as forças de segurança pública para que o plano fosse elaborado de forma colaborativa. Todas as decisões foram tomadas de acordo com a nota técnica da Secretaria de Saúde, seguindo o planejamento da pasta. A prefeitura também ouviu, por diversas vezes, diretores e responsáveis por todos os hospitais de Petrópolis.

Para que fosse possível colocar o plano de retomada em prática, a retaguarda montada na Saúde do município foi fundamental. “Criamos os pontos de apoio nas UPAs e fizemos do Hospital Nelson de Sá Earp um centro específico para o tratamento da covid-19. Fizemos compras de material hospitalar para que nenhum petropolitano deixasse de ser atendido por falta de equipamentos. Para salvar vidas, também fizemos parcerias com hospitais particulares de nossa cidade. Reestruturamos toda a nossa rede de saúde e compramos 30 respiradores para equipar nossa UPA Cascatinha, que em breve será uma unidade especial para o atendimento aos pacientes da doença. Iniciamos a crise com 27 leitos de UTI. Hoje temos 85 leitos de UTI no total. Ainda estamos ampliando nossa capacidade e logo chegaremos aos 144”, esclarece Bernardo Rossi.

Para relaxar - de forma gradual - as medidas, o município também acompanha diariamente a curva da doença na cidade e já trabalha em conjunto com as forças de segurança e o judiciário para que a fiscalização seja intensa após a flexibilização. A abertura gradual do comércio e dos serviços e a estabilidade na curva da doença no município só serão possíveis com a contribuição de todos os petropolitanos: a continuidade das medidas de prevenção, como o uso das máscaras e álcool em gel, além, é claro, do isolamento social.

Ações em Petrópolis saíram na frente

Petrópolis iniciou o plano de ação de combate ao coronavírus no dia 13 março com os primeiros decretos, antes mesmo de muitos países europeus. “Antecipamos o calendário de vacinação da gripe para os idosos. Suspendemos as aulas da rede municipal e privada. Criamos o cartão merenda certa. Fechamos as entradas da cidade e impedimos os ônibus estaduais e intermunicipais de virem para cá. Fechamos os pontos turísticos. Cancelamos os eventos de grande porte. Fechamos o comércio, que foi uma decisão muito difícil, mas importante no caminho que nós entendemos que ser o certo: precisamos salvar vidas”, diz o prefeito.