Petrópolis - A dúvida pode estar na cabeça: “Eu tive Covid-19, será que posso continuar doando sangue?” A resposta não é somente um retumbante “SIM”, mas também um sonoro “DEVE”.

Este é o apelo feito pelo Banco de Sangue Santa Teresa, principal referência para doação de sangue na cidade de Petrópolis. Principalmente por causa de um fator que está ajudando a salvar vidas de pessoas internadas com coronavírus em estado mais grave.

Recentemente foram aprovados os protocolos que permitem usar o plasma do sangue de um doador que já teve Covid para infusão em um paciente internado na UTI com a doença. É nesse componente do sangue que estão os anticorpos contra o coronavírus, criados pelo corpo de uma pessoa recuperada.

É como explica a coordenadora técnica do banco, Marcela Colonese, que pede o apoio e a solidariedade daqueles que já foram contaminados pelo coronavírus e se curaram. “Foi liberado no Brasil o uso do plasma de pessoas que já tiveram Covid para o tratamento de internados em estado grave nas UTIs, porque já ficou comprovado que é seguro realizar esse procedimento, acelerando o processo de recuperação do doente”.

A pessoa que já teve contato com o coronavírus e ficou curada - ou seja, não apresenta mais os sintomas da doença - pode doar sangue após 30 dias da alta médica. Os outros critérios são os normais para qualquer doador: estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos - os menores de idade devem estar acompanhados por um responsável -, pesar no mínimo 50kg, estar alimentado e apresentar documento original com foto recente.

O plasma depois de processado pelo banco de sangue é congelado. Na hora da solicitação médica, ele é encaminhado para a unidade de saúde, descongelado e infundido como um soro, diretamente na corrente sanguínea do doente internado na UTI.

O apelo de Marcela é porque o estoque deste hemocomponente está muito baixo no Banco de Sangue Santa Teresa. “Não consigo nem manter um estoque, porque a quantidade de doações de quem já teve Covid não está sendo suficiente para suprirmos nossa demanda”, explicou.

O principal desafio é informar à população que é totalmente seguro fazer a doação, e que esse ato pode salvar vidas. “Essa é uma grande preocupação nossa. Essas pessoas poderem salvar vidas de outras que estão na UTI por causa da doença. Quando um curado da Covid vem ao nosso banco de sangue, ela vai ajudar diretamente outra pessoa. Há com certeza desinformação, as pessoas não sabem que podem salvar essas vidas, achando que como foram contaminadas pelo coronavírus agora não podem doar sangue”, continuou Marcela.

Lívia dos Santos Oliveira, é técnica de coleta do Banco de Sangue e teve Covid-19, logo no início da pandemia. Como profissional da área de saúde é consciente da importância de fazer a doação. Foi o que ela fez recentemente, logo depois da liberação do uso do plasma no tratamento dos doentes.

“Eu já era doadora regular de sangue, e depois que fiquei doente e me recuperei já fiz minha primeira doação, assim que foi liberado o uso do plasma. Eu falo para quem pegou Covid e está em dúvida se pode doar sangue, que pode ficar tranquilo e ter a consciência de que vai ajudar alguém… A doação de sangue em si já ajuda muito, e de quem teve a doença e se recuperou é um fator a mais nesse ato”, declarou Lívia.

O Banco de Sangue Santa Teresa mudou de endereço e agora está funcionando na rua Doutor Paulo Hervê, 1130, no bairro Bingen. O novo local fica perto do Terminal Rodoviário, a apenas dez minutos do antigo endereço, e conta com uma estrutura mais ampla para atender a população.

O novo espaço atende o público diariamente, das 7h às 18h, incluindo finais de semana e feriados. A mudança de local tem o objetivo de dar mais espaço para todos os processos da doação, inclusive com mais salas de triagem e cadeiras específicas.