O Limpa Rio é um programa do governo estadual para desassoreamento de rios e córregos
O Limpa Rio é um programa do governo estadual para desassoreamento de rios e córregosDivulgação
Por O Dia
Areal - Marinete Francisco sabe o que é perder tudo em uma enchente. Em 2011, ela morava numa rua em Areal, na Região Serrana Fluminense, que foi inundada pela forte chuva durante o maior desastre natural da história do país. Dez anos se passaram e ela segue atenta quando o tempo escurece na cidade.
"A rua virou um rio naquele dia. Perdi móveis, como cama e guarda-roupa. A preocupação maior era com um barranco atrás da casa, que acabou desmoronando. Hoje, moro em uma parte mais baixa, mas que também é área de risco por ser em frente ao córrego", disse ela, que é mãe de três crianças.
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Areal - juntamente com Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim e Sumidouro - foi uma das cidades atingidas pela catástrofe de 2011, que matou 918 pessoas e deixou outras 30 mil desalojadas.
O Limpa Rio é um programa do governo estadual para desassoreamento de rios e córregos - Divulgação
O Limpa Rio é um programa do governo estadual para desassoreamento de rios e córregosDivulgação
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"Meu pai é cadeirante e, além de ter que vigiá-lo, tenho três filhas. Então, quando ameaça chover, não consigo dormir porque fico com medo de nem dar tempo de pegar documentos, móveis e, ainda, socorrer todo mundo. Que essa limpeza traga melhorias para o córrego do Cedro, completou Marinete, de 34 anos.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) começou no último dia 16 de março as intervenções do programa Limpa Rio na cidade. Só no Córrego do Cedro, em Areal, a previsão é que 11.200 metros cúbicos de sedimentos no trecho de 1,3 km sejam retirados. Os trabalhos devem durar, em média, três meses.
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Rosari de Freitas, também moradora da região no entorno Córrego do Cedro, diz que há cerca de oito anos não há qualquer limpeza no local. Ela se recorda que já precisou socorrer os vizinhos durante uma forte chuva que causou o transbordamento do rio.
"A 100 metros daqui, entrou água e era época de fim de ano. Tivemos que ir até lá e ajudar a tirar a lama dentro de casa porque não teve dragagem do rio. Além da segurança que traz para nós, moradores, é um bem para o meio ambiente", afirmou Rosari, de 58 anos.
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Para o secretário estadual do Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha, o trabalho de prevenção do Limpa Rio, que compreende ações de limpeza, dragagem e desassoreamento, também passa pela conscientização da população.
"É fundamental que as prefeituras nos ajudem nessa questão e reforcem a importância da educação ambiental junto à população que vive no entorno dos corpos hídricos. As pessoas precisam saber se relacionar com o ambiente e isso passa por não jogar lixo no leito dos rios, o que impede o escoamento da água da chuva. Por isso, o Governo do Estado vai lançar, em breve, o projeto Ambiente Jovem, que vai fomentar essa consciência do cuidado com o ambiente", revelou Pampolha.
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Desde o início do ano, o órgão ambiental estadual realiza intervenções mais de 20 corpos hídricos de 19 cidades: Seropédica, Nova Friburgo, Teresópolis, Duque de Caxias, Japeri, Rio de Janeiro (Bangu), Itaguaí, Rio Bonito, São Gonçalo, Itaboraí, Quissamã, Três Rios, Belford Roxo, Cordeiro, Itaocara, São João de Meriti e Magé. Em 2020, o Inea retirou 1 milhão e 198 mil metros cúbicos de sedimentos de 79 rios e canais localizados em 20 cidades fluminenses.