Vereador Yuri Moura é presidente da Comissão de Direitos Humanos na Câmara Municipal de Petrópolis
Vereador Yuri Moura é presidente da Comissão de Direitos Humanos na Câmara Municipal de PetrópolisDivulgação/Ascom CMP
Por O Dia
Petrópolis - Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um empresário de Petrópolis relatando como lida com os seus funcionários perante a pandemia de COVID-19: distribuição de ivermectina e permissão para que trabalhem mesmo acometidos pela doença.
A declaração ocorreu durante uma entrevista que cobria a manifestação de um pequeno grupo de empresários contrários às medidas mais restritivas adotadas pela prefeitura, na última segunda-feira. Além de declarar que distribuiu o medicamento aos seus funcionários, indicando como uso de tratamento precoce à COVID-19, o empresário afirmou que funcionários acometidos pela doença puderam trabalhar normalmente, já que estavam se sentindo bem.

O vereador Yuri Moura, enquanto presidente da Comissão de Direitos Humanos na Câmara Municipal de Petrópolis, reagiu ao vídeo e entrou com uma representação no Ministério Público do Trabalho contra o empresário. O documento indica infração às medidas sanitárias estabelecidas pelo poder público, já que o empresário não garantiu que seus funcionários seguissem as orientações legais para evitar a contaminação de mais pessoas, e, ainda, assumiu o papel de fornecer medicamentos sem eficácia comprovada.

“Recebi muitas mensagens ontem a noite, pessoas indignadas com a fala do empresário. É de fato muito grave. Por isso, fomos ao Ministério Público do Trabalho. É inadmissível, em meio a tantas vidas perdidas por essa doença, que se permita uma rotina normal aos trabalhadores infectados pela COVID-19, colocando os mesmos e o resto da população em risco”, disse Yuri.

Apesar de não haver nenhum estudo que comprove que o remédio seja eficaz no como tratamento precoce à COVID-19, no vídeo, o empresário defende que a utilização do medicamento se estenda à população, visando o retorno à normalidade no município.

“Não existe tratamento precoce. É muita irresponsabilidade vender um falso remédio ao povo. Isso diminui o engajamento social e a dedicação de todos com as medidas de proteção. A defesa precisa ser por vacina, distanciamento social, auxílio às famílias mais vulneráveis e ao pequeno comércio e não por falsos tratamentos”, concluiu Yuri.
Publicidade
NOTA DE RETRATAÇÃO DO EMPRESÁRIO NELSON BAPTISTA
O empresário Nelson Baptista vem a público através desta nota esclarecer que cometeu um erro. O fato relatado em entrevista nesta quarta-feira (31) nunca ocorreu. Na ânsia de tentar resolver o problema em que o empresariado local se encontra, e no desespero de ver as lojas fechadas e em risco de falência, acabou fornecendo “inverdades” sobre a situação exposta. Empresário em Petrópolis há 40 anos, ele preza pelo desenvolvimento da cidade e reconhece a importância que o setor de bens e serviços tem na engrenagem econômica do município. Ciente da responsabilidade pela manutenção do seu negócio e sustento da própria família e de seus colaboradores, o empresário vem testemunhando diversos empreendimentos fechando as portas em consequência das pesadas cargas tributárias e sucessivos impedimentos de pleno funcionamento das lojas, gerando demissões e desespero de inúmeras famílias.
O cenário atual é de incertezas e desesperança. Não há perspectivas de melhora para o setor empresarial, atmosfera que causa pressão psicológica e consequentemente favorece atitudes errôneas por parte de quem se preocupa com o presente e futuro da sua empresa. Nelson reconhece que sua declaração foi inverídica e sua manifestação, exagerada, se deu por conta das emoções exacerbadas. Em 2020, no primeiro fechamento total do comércio, a empresa de Nelson reduziu o quadro de funcionários e hoje conta apenas com uma colaboradora. Colaboradora esta que, há seis meses positivou para covid, mas que recebeu todo atendimento médico na rede pública e permaneceu em casa pelo tempo recomendado: 14 dias. Ele afirma que nunca ofereceu Ivermectina para nenhum colaborador e reforça seu compromisso em preservar seus negócios e seu segmento profissional. E por isso se desculpa pelas palavras equivocadas e pelo desconforto que causou à população. O empresário, no “calor da emoção” provocado pelo momento de protesto cometeu um erro, e tal atitude não reflete nenhuma verdade, uma vez que não houve nenhum colaborador com covid-19 em atividade dentro da loja. Ele se coloca à disposição dos órgãos competentes e mais uma vez pede desculpas à sociedade.