Dados publicados em 2020 pelo Ministério da Saúde apontam que o aleitamento materno pode reduzir a mortalidade infantil por causas evitáveis em até 13%Divulgação
Publicado 18/08/2021 19:15
Petrópolis - Mesmo com diversos avanços tecnológicos para aprimorar os cuidados no pós-parto, o momento dedicado ao aleitamento materno ainda segue como um dos principais recursos para garantir o bem-estar físico e emocional do binômio (mãe e bebê).
Dados publicados em 2020 pelo Ministério da Saúde apontam que este ato pode reduzir a mortalidade infantil por causas evitáveis em até 13% e, para a mulher que amamenta, o risco de desenvolver câncer de mama cai 6% a cada ano de amamentação.

De acordo com a Dra. Adliz Siqueira, neonatologista do Hospital Santa Teresa, de Petrópolis, além de ser uma fonte de proteção natural, o aleitamento contribui diretamente para restabelecer o vínculo entre a mãe e o bebê, ao serem temporariamente separados após meses de gestação.
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A médica reitera a importância de manter o recém-nascido em contato pele a pele, junto a sua mãe, e estimulando a amamentação, logo após o nascimento, período chamado de “Hora de ouro” que significa a 1ª hora após o nascimento onde essas ações promovem vários benefícios para ambos.
“Em longo prazo, os benefícios são inúmeros. Na primeira infância, o leite materno reduz o risco de contrair doenças e infecções, como a diarreia e doenças respiratórias. Já na adolescência, a criança que passou por um período adequado de amamentação terá menor probabilidade de desenvolver complicações como diabetes, hipertensão arterial e obesidade”, acrescentou Adliz.

Em relação ao valor nutricional, o leite materno possui todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento do recém-nascido e, além disso, sua composição consegue se adaptar aos bebês que nascem prematuros, oferecendo conteúdo nutricional adequado independente da idade gestacional da criança ao nascer.
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Ou seja, os bebês que nascem prematuramente recebem deste recurso os nutrientes fundamentais para compensar o déficit de desenvolvimento imposto pelo tempo reduzido de gestação. Além da relevância alimentar, nesses primeiros dias, o leite chamado de "colostro" é considerado como a primeira vacina do bebê, sendo por ele transmitido os anticorpos maternos”, complementa a médica.

Para a enfermeira Marcelle Arruda de Oliveira Barreto, que atua como supervisora da maternidade do Hospital Santa Teresa, a fórmula quando é indicada pelo pediatra, em algumas situações, realiza a complementação à amamentação, porém os valores nutricionais do leite materno são insubstituíveis.
“Fazemos um comparativo em relação à fórmula sendo similar a um hambúrguer, enquanto o leite materno é um suco natural de laranja. Embora o hambúrguer provoque uma sensação de saciedade maior, o suco de laranja é mais leve e mais completo nutricionalmente, contribuindo para o desenvolvimento da criança. Por isso, muitas mães acabam percebendo que o recém-nascido fica mais saciado com a fórmula do que com o leite materno e acabam achando que tem o "leite fraco", disse Marcelle.
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Mas, na verdade, não existe ‘leite fraco, pior ou melhor’, existe o leite materno proporcional às necessidades de cada recém-nascido: "O leite materno possui uma digestão mais rápida sendo necessário o recém-nascido mamar mais frequentemente em livre demanda. Sendo assim, é preciso informar e educar sobre os benefícios do leite materno e priorizar o seu consumo”, adicionou.

Os benefícios decorrentes do aleitamento não se limitam aos recém-nascidos, uma vez que este ato oferece também diversas vantagens para as mães. Além de contribuir para facilitar o retorno das mulheres a uma estrutura corporal não-gravídica, a amamentação ajuda a diminuir os riscos da hemorragia pós-parto e a aumentar a produção de hormônios que estimulam a saída do leite da mama. É neste contexto que iniciativas como o Projeto Maternidade Segura, adotado pelo Hospital Santa Teresa, ganha relevância ao aumentar o tempo dedicado à amamentação no momento pós-parto, potencializando seus benefícios.

Para as gestantes que tiveram diagnóstico positivo para a COVID-19, o protocolo de amamentação é o mesmo, com a exceção de algumas adaptações sanitárias para garantir maior segurança ao recém-nascido. “A amamentação deve ser sempre acompanhada pela utilização da máscara e a higienização das mãos deve ser feita com álcool em gel antes de qualquer contato com o bebê. Vale reforçar que, até o momento, não existem evidências de que o leite é um método transmissor da COVID-19”, ressaltou a enfermeira.
Para as mulheres que já foram vacinadas contra a COVID-19, estudos apontam a presença de anticorpos no leite materno, porém ainda estão em andamento estudos complementares para confirmar o grau de proteção dado aos bebês. “Mesmo para aquelas que não tomaram a vacina, mas que foram diagnosticadas com a infecção causada pelo coronavírus durante a gestação, ou antes, os anticorpos produzidos no período de acometimento também são transferidos para o bebê”, concluiu a Dra. Adliz.
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