Presidente dos EUA, Donald Trump - AFP
Presidente dos EUA, Donald TrumpAFP
Por AFP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse estar disposto a aumentar a oferta do governo para desbloquear as negociações sobre um novo pacote de ajuda econômica em meio à pandemia do coronavírus, em um momento em que está em desvantagem nas pesquisas para as eleições de novembro.

A Casa Branca propôs na semana passada um pacote de 1,8 bilhão de dólares para empresas e famílias, acima do US$ 1,5 bilhão oferecido anteriormente, contra os US$ 2,2 bilhões de dólares que a oposição democrata deseja.

Trump reiterou à Fox Business nesta quinta-feira (15) que ele poderá aumentar a aposta, depois de suspender as negociações com os legisladores na semana passada e voltar atrás na decisão.

"Vou, vou com certeza. Vou colocar mais. Vou subir mais", declarou ele, à medida que se aprofunda a diferença nas pesquisas com seu adversário democrata Joe Biden e ele enfrenta a possibilidade de não ser reeleito.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, disse na quarta-feira que, apesar de alguns progressos, um acordo com os democratas sobre um novo pacote de estímulo ainda não havia sido alcançado.

"Continuamos a avançar em certas questões, mas em algumas questões ainda estamos muito longe", reconheceu Mnuchin, pessimista sobre a possibilidade de um acordo antes das eleições de 3 de novembro.

Democratas e republicanos estão atolados há meses em discussões sobre novas medidas para restaurar o pacote expirado de 2,2 trilhões de dólares da Lei CARES, aprovada em março, quando a pandemia de coronavírus atingiu em cheio os Estados Unidos.

Trump disse que financiará a nova ajuda tirando "dinheiro da China", que ele acusa de ser responsável pela pandemia do coronavírus que surgiu naquele país.

Além disso, o republicano culpou a líder democrata Nancy Pelosi pelo bloqueio nas negociações entre o governo e o Congresso, que se opõe a medidas específicas como a ajuda setorial proposta pelo Executivo, e argumentou que a líder tem "problemas mentais e é muito difícil fazer qualquer coisa com ela".

Os democratas exigem ajudar os estados e governos locais mais expostos aos danos econômicos da pandemia.

"Continuamos com as negociações e tentando chegar a um acordo sobre um pacote mais amplo" de assistência, explicou o secretário do Tesouro na quarta-feira, acrescentando que Pelosi rejeitou uma medida separada para ajudar as companhias aéreas que este mês deixaram dezenas de milhares de trabalhadores desempregados.

"Tudo ou nada não faz sentido para nós", enfatizou Mnuchin.

O Senado, controlado pelos republicanos, pretende votar em breve uma medida de auxílio específico às pequenas e médias empresas.

- Pacote "necessário" -
Economistas consideram necessário um novo pacote de estímulo e os indicadores apoiam o posicionamento.

Os novos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos aumentaram inesperadamente na semana passada para 898 mil, informou o Departamento do Trabalho na quinta-feira, colocando em evidência a fragilidade da recuperação econômica na principal potência mundial.

Entre 4 e 10 de outubro, o aumento de 53 mil em relação à semana anterior foi o maior nos pedidos do subsídio desde a semana de 15 de agosto, enquanto os EUA tentam se recuperar do impacto dos fechamentos do começo do ano para deter a covid-19.

O número de desempregados, que é divulgado em intervalos de uma semana, caiu: foram 10 milhões entre 27 de setembro e 3 de outubro, em comparação com os 11,2 milhões da semana anterior, segundo dados revisados.

Por outro lado, dados diferentes sobre a atividade manufatureira em duas regiões dos Estados Unidos em outubro indicaram nesta quinta-feira uma lenta recuperação econômica do país.

A atividade na região de Nova York desacelerou, segundo o índice Empire State, que perdeu 7 pontos e caiu para 10,5, enquanto analistas estimavam que cairia em 14 pontos. Esse índice elaborado pela Reserva Federal (Fed) continua com uma marca acima do zero, o que mostra um crescimento da atividade, mas sua queda representa uma desaceleração.

Por sua vez, a atividade manufatureira na região da Filadélfia mostrou aceleração, segundo o mesmo índice da F aponta um ressurgimento do otimismo para o próximo semestre.

A diretora do FMI se mostrou convencida nesta quinta-feira de que os Estados Unidos aprovação um plano de estímulo.

O país "dispõe de espaço fiscal não só para este mês, mas para o próximo ano", disse Kristalina Georgieva em uma conversa na rede CNBC com sua antecessora Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE).

"Veremos em que velocidade será implementado (um novo pacote de estímulos), mas não tenho dúvidas de que será implementado porque é necessário", enfatizou Georgieva.