Por gabriela.mattos

Rio - O manual distribuído pela Federação Internacional de Remo (Fisa), que orienta os atletas e técnicos a escovarem os dentes com água mineral durante os Jogos Olímpicos, causou revolta entre ambientalistas, esportistas e cariocas. No documento, a federação recomenda que os atletas usem apenas água mineral engarrafada. Os casos de zika e microcefalia nos fetos teriam motivado o lançamento da cartilha. A Olimpíada acontece entre os dias 5 e 21 de agosto.

“Exagerado esse manual. Uma coisa é tomar banho e beber água da Lagoa Rodrigo de Freitas, outra é usar uma água de bica para escovar os dentes. Isso só piora a imagem da cidade. Isso é um disparate”, criticou a remadora Fabiana Beltrame, da seleção brasileira de remo.

Jorge de Souza%2C 60 anos%2C escova os dentes com água da bica e critica conselho da Federação de RemoAndré Mourão / Agência O Dia

Para o especialista em biologia marinha e oceanografia, César Bernardo Ferreira, a água encanada distribuída no Rio de Janeiro é limpa e potável, e pode ser usada para a higiene bucal. “Nossa água é livre de agentes patogênicos, ou seja, sem coliformes fecais”, garante. “Essa cartilha é uma ignorância”, diz, ressalvando que é importante cuidar das caixas d'água e dos encanamentos. “Um cano furado ou uma ligação clandestina pode afetar sua qualidade ”, completou.

A Cedae repudiou a cartilha e disse que as informações são preconceituosas. “No Rio, assim como nos Estados Unidos e países europeus, a água distribuída é totalmente potável na torneira, conforme índices comprovados em pesquisas do renomado Instituto Proteste que, sem conhecimento da Cedae, coletou água em dezenas de pontos do Rio e em todas as análises comprovou a potabilidade da água que sai direto da bica”, diz um trecho da nota.

Em Água Santa, na Zona Norte, o atendente de farmácia Jorge de Sousa, de 60 anos, protestou contra a federação. “É um desrespeito com o carioca. Sempre usei água da bica e nunca fiquei doente”, reclamou. O ambientalista Mario Moscatelli classificou o manual como ‘humor negro’ e um ‘ato de terrorismo’.

Cortes nos gastos das Olimpíadas

A Olimpíada do Rio sofreu um corte de R$ 900 milhões no orçamento, consequência da crise econômica. Detalhes sobre a medida foram apresentados nesta quarta-feira aos membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), em Lausanne. Os responsáveis brasileiros pelos Jogos mostraram que conseguiram equilibrar os gastos com a receita, mas tiveram de abrir mão de vários projetos. O corte nos investimentos irritaram dirigentes de várias modalidades que serão atingidas.

No total, R$ 7,4 bilhões serão gastos no Rio, sem contar as obras de infraestrutura da cidade. Para chegar a esse valor, porém, cerca de 12% dos custos inicialmente programados foram eliminados.

Os principais cortes foram realizados em instalações esportivas. Mas outras obras foram afetadas. O Metrô, por exemplo, vai operar apenas para levar os passageiros para a Barra, local dos Jogos, sem parar em todas as estações.

Para o Comitê Rio-2016, “mais importante do que o valor que foi cortado é o fato de que o Comitê tem um orçamento equilibrado”.

?Com Agência Estado

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