Por felipe.martins

Rio - Com cerca de sete mil chamados por dia, a Central 190 da Polícia Militar é uma mistura de amor e ódio entre vítimas de crimes que já precisaram de socorro imediato na Região Metropolitana. Enquanto moradores de áreas nobres, como Copacabana e Leblon elogiam o atendimento, quem reside em regiões distantes do Centro reclama da suposta morosidade para deslocamentos de homens e viaturas.

Marília Teotônio, de 40 anos, moradora da Vila da Penha, conta que há alguns meses sua sobrinha, Sheila, 20, pediu, desesperada, ajuda à Políca Militar pelo 190, por causa de uma briga entre a mãe e o padrasto do marido dela. Eles estariam alcoolizados e ameçando um ao outro de morte. “Foi há uns dez meses. Estão esperando a patrulha até hoje. Graças a Deus os vizinhos apartaram”, diz Marília. Já o engenheiro Helson da Silva, de 49 anos, que tem apartamento na Rua Ataulfo de Paiva, a mais movimentada do Leblon, relatou sua satisfação pela internet.

Morador de Mesquita que liga para a central espera até 51 minutosDivulgação

“Fui assaltado, liguei de um orelhão e em menos de dez minutos prenderam o ladrão. Ele tinha fugido com meu celular e um cordão de ouro. A PM está de parabéns”, agradeceu. Levantamento interno da própria PM, de janeiro a agosto de 2015, a que o DIA teve acesso, mostra, porém, que o morador de Mesquita, na Baixada Fluminense, é o que mais sofre com a demora no atendimento pelo 190. O tempo de espera entre a ligação e a chegada da viatura ao local da ocorrência já chegou a 51 minutos e 37 segundos em janeiro. Só ficou atrás da média do tempo de atendimento de ocorrências sob responsabilidade do 34º BPM (Magé), no mês seguinte, com o aguardo de 52 minutos e 12 segundos.

Até mesmo as unidades que registram o menor tempo também estariam acima do ideal. De acordo com especialistas, a expectativa é que a viatura chegue ao local da solicitação dentro de 15 minutos, no máximo. Nos Estados Unidos, o tempo médio de atendimento é de 10 minutos.


Rápido no Leblon, lento em S. Cruz

Com uma população de mais de 1,1 milhão de habitantes em 582 quilômetros quadrados, o 20º BPM (Mesquita) é o que mais demora no atendimento pelo 190, com tempo máximo registrado de 44min35seg, conforme rannking referente ao período de janeiro a agosto de 2015. Mas a região também é o recordista em ocorrências: 53,8 mil só no ano passado. O segundo mais lento é o 27º BPM (Santa Cruz), com 41min26seg, seguido pelo 7º BPM (São Gonçalo), com 40min34seg. O mais rápido no período foi o 2º BPM (Botafogo), com 22min40seg.

Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Seseg) informou que desconhece o ranking, garantindo que “nos últimos cinco anos, o tempo de despacho de viaturas foi reduzido em quase 80%, caindo de uma média de 23 minutos para apenas 4min34s.”


Tempo médio de atendimento, de janeiro a agosto de 2015:

20º BPM (Mesquita) - 44min35seg
27º BPM (Santa Cruz) - 41min26seg
7º BPM (São Gonçalo) - 40min34seg
18º BPM (Jacarepaguá) - 39min43seg
31º BPM (Recreio) - 39min17seg
15º (Caxias) - 37min28seg
39º BPM (Belford Roxo) - 36min07seg
34º BPM (Magé) - 34min14seg
35º BPM (Itaboraí) - 31min43seg
40º BPM (Campo Grande) – 31min34seg
16º BPM (Olaria) - 31min30seg
14º (Bangu) - 31min24seg
9º (Rocha Miranda) - 31min13seg
41º (Irajá) - 30min17seg
12º BPM (Niterói) - 30min14seg
21º BPM (São João de Meriti) – 29min37seg
17º (Ilha) – 28min54seg
22º (Maré) – 27min42seg
5º BPM (Gamboa) – 27min15seg
19º BPM (Copacabana) - 26min59seg
4º BPM (São Cristóvão) – 25min35seg
6º (Tijuca) - 24min23seg
23º(Leblon) - 24min20seg
24º (Seropédica) - 24min
2º BPM (Botafogo) - 22min40seg

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